A maior glória de qualquer esportista é ganhar uma medalha olímpica. Chegar ao topo não é fácil, se manter entre os melhores por anos é mais difícil ainda. Hoje, o Brasil tem o principal nome do vôlei de praia mundial, que vive intensamente a expectativa de defender a conquista do ouro em 2016 nas Olimpíadas de Tóquio no próximo ano. Alison “Mamute” contou em entrevista exclusiva para a Gazeta Esportiva como está a mistura de sentimento e a ansiedade para 2021.
“Uma medalha olímpica é resultado do esforço, do apoio e do comprometimento de muita gente, de toda uma equipe, de parceiros, da mídia, dos fãs. Tenho muito orgulho de ter conseguido representar bem o meu país”, falou.
Com a preparação em curso, o atleta de 34 anos foi pego de surpresa com o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio deste ano para 2021, em virtude da pandemia do coronavírus. Apesar de todos empecilhos que a mudança no calendário vai trazer aos esportistas, Alison acredita que o postergamento foi correto.
“A decisão foi acertada. Não havia condições de se pensar na realização da maior festa, do maior evento de esportes do planeta, neste momento. Quero acreditar que as coisas vão melhorar, que o vírus estará controlado em breve, para podermos pensar em Olimpíadas e numa vida próxima do normal de novo”, revelou.
O baque da postergação dos Jogos não foi capaz de desanimar Mamute. O capixaba espera aproveitar os próximos 14 meses para aprofundar os treinamentos e fala em bons resultados.
“Minhas expectativas são as melhores possíveis. Temos 14 meses até as Olimpíadas. Confio muito no meu time. Espero que tenhamos tempo para fazer uma boa preparação e chegar no Japão jogando o nosso melhor, representar bem o Brasil”, contou.
Alison terá a pressão de defender a medalha de ouro nas duplas masculinas do vôlei de praia. Há quatro anos, ao lado de Bruno Schmidt, o “gigante” voltou a colocar a bandeira brasileira no lugar mais alto do pódio após duas edições dos Jogos Olímpicos. A última conquista havia sido em Atenas, quando o lendário dueto de Ricardo e Emanuel trouxe o ouro para o Brasil pela primeira vez na modalidade. Foi justamente com Emanuel que Alison bateu na trave em 2012, em Londres, ficando com a prata.
Para chegar à glória em Copacabana, Mamute e Schmidt não tiveram vida fácil. Depois de estrear com vitória de 2 a 0 sobre os canadenses Josh Binstock e Sam Schachter, os brasileiros conheceram uma derrota para a dupla austríaca de Doppler e Horst por 2 a 1 e se recuperaram garantindo a classificação com um novo triunfo, desta vez sobre Alex Ranghieri e Adrian Carambula. No mata-mata, passaram pelos espanhóis Herrera e Gavira, pelos americanos Phil Dalhausser e Nick Lucena, e pelos holandeses Alexander Brouwer e Robert Meeuwsen. Na decisão, de baixo de chuva, derrotaram os italianos Nicolai e Lupo e ficaram com o ouro.
“Foi o ápice da minha carreira. É difícil descrever o sentimento, a sensação daquela noite, no meu país, diante do meu povo, naquele coliseu… É uma daquelas coisas que você só vive uma vez na vida. Escutar o hino nacional em Copacabana, diante da minha família, dos meus amigos… Eu não poderia viver um sonho melhor”, comentou.
Apontado como o melhor jogador de vôlei de praia da atualidade, Alison tem mais de 30 títulos na carreira. o vitoriense já deixou sua marca na história do esporte brasileiro. No seleto grupo de atletas com duas medalhas olímpicas, Mamute pode chegar a terceira premiação em Jogos Olímpicos e se igualar a Ricardo, o recordista com um ouro, uma prata e um bronze.