Altitude: o segredo dos africanos para dominar a São Silvestre
Os africanos têm dominado o cenário das corridas de média e longa distância na atualidade, e na São Silvestre não é diferente. Desde 2006, entre as mulheres, e 2010, entre os homens, um representante da casa não vence a prova de rua mais tradicional do Brasil. O segredo do sucesso dos visitantes está em seu próprio país.
Etiópia e Quênia, que têm os principais maratonistas do planeta do mundo, são países que possuem altas altitudes por boa parte do território, o que potencializa a preparação dos atletas. Quando acostumados a viver e correr em áreas muito acima do nível do mar, os competidores adquirem maior resistência.
Diante desse cenário, os brasileiros ficam para trás. Mesmo com o sexto maior território do mundo, o Brasil não tem áreas de alta altitude, fazendo com que seus competidores busquem realizar semanas de treinamento na Colômbia, conforme contou o corredor Daniel Chaves.
“Às vezes nós precisamos ir para Colômbia, o que requer recursos. Eles nasceram, foram criados, não dependem de custo para viver nessas condições. Os etíopes, por exemplo, vivem a 2.300 metros de altitude. Os quenianos podem viver de 2 a 3 mil metros de altitude. Eles têm isso no próprio país, eles não precisam sair de casa para ter isso”, disse.
“Todos os campeões mundiais, os melhores do mundo, vivem e treinam na altitude o ano inteiro. A gente para fazer uma ou duas inserções em um camping de altitude é muito difícil por conta da questão de recursos. É isso que a maioria das pessoas não veem, ainda mais aqui na São Silvestre. Ainda mais na São Silvestre, tem essa cobrança grande de resultados, mas ninguém vê o que está por trás, como a altitude”, completou.
Além da São Silvestre, Daniel Chaves garantiu índice e vai participar dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Visando um bom resultado na maratona em solo asiático, o brasileiro programa fazer um estágio no Quênia, entre abril e maio do próximo ano.
*Especial para a Gazeta Esportiva