Mulher diz que Silvio Almeida "colocou a mão com vontade" em baixo da saia

A vítima afirma que precisou de atendimento psicológico após sofrer violência sexual de Silvio Almeida em 2019

Publicado em 6 set 2024, às 16h45. Atualizado às 17h49.
POST 4 DE 7

Após surgir a denúncia de que Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos do governo Lula (PT), teria assediado sexualmente ao menos 14 mulheres, uma professora de Santo André, no ABC Paulista, publicou um vídeo nas redes sociais onde afirma ter sido vítima do ministro em 2019. “Ele levantou a saia e colocou a mão nas minhas partes íntimas com vontade, colocou a mão com vontade”, diz Isabel Rodrigues.

Ministro Silvio Almeida acusado de violência Sexual
A vítima afirma que não denunciou o ministro por vergonha (Foto: Reprodução – @professoraisabelrodrigues / Zeca Ribeiro – Câmara dos Deputados)

A vítima afirma que o abuso aconteceu durante um curso que Silvio estava ministrando sobre necropolítica. “Eu perguntei para o Silvio se eu poderia ser ouvinte e ele disse que eu poderia. Eu fui no sábado, um curso de dia inteiro, nós fizemos aula de manhã e à tarde fomos almoçar com vários alunos do curso,” declara a Isabel.

No vídeo, ela conta detalhes de como teria sido a dinâmica da violência. “Ele estava do lado direito, eu do lado esquerdo, estava de saia… Ele levantou a saia e colocou a mão nas minhas partes íntimas com vontade, colocou a mão vontade. Eu fiquei estarrecida”, denuncia a mulher.

A vítima afirma que não falou sobre o ocorrido no momento por “vergonha”. “Fiquei com vergonha das pessoas, porque é assim que as vítimas se sentem, as vítimas ficam com vergonha e esse caso teve muitos e muitos retornos na minha vida. Demorou para eu entender que estava sendo vítima de violência sexual, demorou”, diz.

Segundo o relato, a vítima entrou em contato com o hoje ministro depois “de um tempo”. “Eu liguei para o ministro um tempo depois, não era ministro ainda o Silvio”. Durante a ligação, segundo ela, o ministro dos Direitos Humanos teria a deixado com pena dele, ao demonstrar arrependimento.

Ela diz ainda que também trocou mensagens com Silvio Almeida, mas que ao trocar de celular perdeu todos os registros.

Veja abaixo o vídeo com a declaração que a vítima publicou nas redes sociais:

Professora, a vítima afirma que Silvio Almeida a violentou em um restaurante, na presença de outras pessoas (Vídeo: Reprodução / Instagram @professoraisabelrodrigues)

Silvio Almeida será alvo de investigação da Polícia Federal

O ministro dos Direitos Humanos será investigado pela Polícia Federal (PF) sobre denúncias de assédio sexual. Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, o inquérito deve ser instaurado ainda nesta sexta-feira (6), em “iniciativa própria” da corporação.

A denúncia contra o ministro do governo Lula provém da organização Me Too Brasil, que luta contra o abuso de mulheres. A entidade divulgou um comunicado nesta quinta-feira (5), confirmando que recebeu denúncias de que o minitro teria assediado moral e sexualmente ao menos 14 mulheres.

Dentre as vítimas estaria a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, que ainda não se manifestou publicamente sobre o caso. Anielle tem reunião com o presidente da República para falar sobre o caso. A tendência em Brasília é de que Silvio Almeida seja exonerado do governo ainda nos próximos dias.

Silvio Almeida nega as acusações

Em nota, Silvio Almeida nega todas as acusações “com absoluta veemência”, qualificando-as como “mentiras e falsidades”. A nota do ministro foi publicada antes do vídeo de Isabel Rodrigues e, nela, ele afirma que trata-se de “ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro”.

O próprio ministro enviou ofícios à Procuradoria-Geral da República (PGR), Controladoria-Geral da União (CGU) e à Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República para que apurem as denúncias.

Veja a nota de Silvio Almeida na íntegra:

“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país.

Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro.

Confesso que é muito triste viver tudo isso, dói na alma. Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam. Com isso, perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro.

Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas. Encaminharei ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso.

As falsas acusações, conforme definido no artigo 339 do Código Penal, configuram “denunciação caluniosa”. Tais difamações não encontrarão par com a realidade. De acordo com movimentos recentes, fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas estas não terão sucesso. Isso comprova o caráter baixo e vil de setores sociais comprometidos com o atraso, a mentira e a tentativa de silenciar a voz do povo brasileiro, independentemente de visões partidárias.

Quaisquer distorções da realidade serão descobertas e receberão a devida responsabilização. Sempre lutarei pela verdadeira emancipação da mulher, e vou continuar lutando pelo futuro delas. Falsos defensores do povo querem tirar aquele que o representa. Estão tentando apagar a minha história com o meu sacrifício”.

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