Homem que agrediu mulher em flat disse que ela estava em convulsão e ele tentava ajudar

por Giselle Ulbrich
com informações de William Bittar, da RICtv
Publicado em 23 mar 2022, às 22h11.

O homem de 56 anos, que agrediu uma dentista de 53 anos num flat no bairro Bigorrilho, em Curitiba, na semana passada, afirmou que não estava batendo nela. Ele afirmou à polícia que a mulher estava tendo convulsões, pelo consumo de bebidas alcóolicas, e ele estava apenas tentando ajudá-la a voltar à consciência.

O repórter William Bittar, da RICtv, procurou o homem no flat onde ele mora e onde ocorreu a agressão, filmada pelo vizinho da frente. E ele diz com propriedade que não houve violência.

“Não houve agressão. Ela tem convulsão. E ela caiu. Mas a gente estava alcoolizado. Eu tentei ajudá-la. Só que parece empurrão, agressão. Mas estava tentando ajudar. Não hove agressão de jeito nenhum. Só que numa imagem de longe pode parecer outra coisa“,

afirmou ele, que ainda irá prestar depoimento a polícia.

Apesar da desculpa, a história não colou para a polícia. A delegada Vanessa Alice, da Casa da Mulher Brasileira, informou que o inquérito está perto de ser concluído com fortes indícios de que houve agressão. Até porque o suspeito acumula mais de 10 boletins de ocorrência por violência doméstica.

Vanessa revelou o depoimento que a mulher deu à polícia. A vítima pareceu não se importar muito com as agressões, de certa forma defendeu o companheiro e disse que não lembrava de nada, porque estava bêbada. Ao ser perguntada se ela sabia que existiam filmagens mostrando a agressão, a mulher respondeu que “se tem filmagem e que eu apanhei, então apanhei”.

Cicatriz sangrando

Mas tem outro detalhe que fez a polícia entender que a mulher estava sendo vítima de agressões do namorado. A violência no flat foi filmada na última sexta-feira (18). A mulher prestou depoimento à polícia só na terça-feira (22). Neste dia, contou a delegada, a vítima apareceu com um corte no supercílio, que ainda estava sangrando, mostrando que poderia ser nova agressão. Tanto que ela ficava aparando o sangue durante a oitiva e os policiais chegaram a levá-la ao hospital para receber curativo.

Vanessa explicou ao repórter William Bittar que pouco antes do depoimento dela, interrogou vizinhos da vítima, que mora em outro apartamento perto do flat do namorado. Os vizinhos confirmaram que o homem esteve no apartamento dela, na noite anterior, o que leva a polícia a crer que ela sofreu nova violência na noite anterior ao depoimento.

“Ela voltou a afirmar que tem convulsão e que não lembra de nada”,

disse a delegada.

Apesar disto, os vizinhos da vítima contaram à polícia que, dias antes, já tinham chamado a polícia no apartamento dela, porque ouviram gritos da mulher. Quando os policiais chegaram ao prédio, ela afirmou que tinha sido só uma discussão, sem nenhuma agressão.

A delegada informou que, para concluir o inquérito, falta apenas o depoimento de mais duas testemunhas (várias outras já foram ouvidas), além do interrogatório do suspeito. A advogada do homem prometeu apresentá-lo à polícia. E ele garantiu que vai esclarecer todo o “mal entendido”.

“Ele é extremamente agresivo com ela. Há testemunhas que citam isso. E com aquelas filmagens naquela noite não há como negar que não houve agressão física. O que não tinhamos até então era se tratava-se de violência doméstica ou não”,

explicou Vanessa Alice.

A dentista já saiu saiu da delegacia, depois do depoimento, com medida protetiva para que ele não se aproxime dela. A delegada pediu que ela não procure o namorado, porque depois da agressão de sexta, ela foi agredida novamente na segunda-feira, o que mostra que ele pode repetir a violência a qualquer instante.