Rei do Bitcoin é condenado a 8 anos e meio de prisão em regime fechado
O reinado do “Rei do Bitcoin”, Cláudio José de Oliveira, chegou definitivamente ao fim nesta terça-feira (12). Depois de dar um enorme golpe e tomar o dinheiro de mais de 6 mil pessoas, ele foi condenado a oito anos e seis meses de prisão em regime fechado. Já a ex-mulher de Cláudio, Lucinada da Silva Oliveira, também foi condenada. Ela pegou dois anos e cinco meses de pena, porém poderá cumpri-la em liberdade.
Mas a liberdade de Lucinara está condicionada ao pagamento de R$ 10 mil a uma entidade social, além de prestação de serviços comunitários, no qual ela deverá se dedicar pelo menos uma hora por dia. Já Cláudio, diferente de outros condenados com a mesma pena e pelo mesmo crime, não poderá ficar em liberdade. Visto o histórico de golpes financeiros que ele já aplicou, inclusive em Portugal e na Suíca, onde ele foi condenado a 30 meses de cadeia (e não cumpriu porque fugiu do país), o juiz entendeu que colocar ele em liberdade é dar chance de Cláudio continuar o mesmo golpe, em outros locais.
Assim, o Rei do Bitcoin, como ficou conhecido, poderá recorrer da sentença, mas não em liberdade. As condenações do ex-casal foram por crimes contra o sistema financeiro e estelionato. A sentença foi dada pelo juiz Paulo Sérgio Ribeiro, da 23ª Vara Federal de Curitiba.
6 mil pessoas lesadas
Cláudio, em conjunto com outras seis pessoas, que acabaram inocentadas no processo, abriram diversas empresas para adminsitrar criptomoedas. Elas funcionavam como uma espécie de corretora, em que os clientes depositavam dinheiro para a compra e administração de criptomoedas. A promessa era de altíssimos rendimentos e de brindes de luxo aos investidores.
Conforme o Ministério Público Federal (MPF), Cláudio levava uma vida luxuosa e retirava bastante dinheiro das empresas para manter a vida boa dele e de Lucinara. Apesar de separados, diz a investigação, eles continuavam agindo juntos no crime. Depois de captar dinheiro de mais de seis mil pessoas e vendo que as empresas iam “quebrar” diante de tantos saques, diz o Ministério Público, Cláudio começou a tirar todos os bens de seu nome e abriu falência.
Repentinamente também, em 2019, interrompeu as operações da corretora, alegando aos clientes que era porque tinham sido vítimas de fraudes em seus sistemas. Na ralidade, diz o processo penal, a declaração pública aos clientes foi uma artimanha de Cláudio e Lucinara para acalmar os clientes, que não conseguiram mais sacar no banco o dinheiro investido, e para embaralhar a investigação policial.
Além de golpes envolvendo criptomoedas, Cláudio e Lucinara chegaram a passar um tempo nos Estados Unidos, em 2013, já fugindo da condenação na Suíça, aplicando golpes de pirâmides envolvendo cirurgias plásticas e rifas para ajudar pessoas com câncer.
Já no Brasil, e depois da falência da rede de empresas de criptomoedas, a Polícia Federal investigou o caso e realizou a operação Daemon, na qual prendeu Cláudio, Lucinara e mais três pessoas. Também houve o cumprimento de mandados de busca e apreensão, nas quais a polícia arrecadou o montante de mais de R$ 6 milhões em jóias, relógios, carros, bolsas de luxo e até imóveis residenciais e comerciais, na grande Curitiba e em Goiás. A chácara que Cláudio tinha, em São José dos Pinhais, tinha até um bunker (quarto do pânico).