Caso Layane: “reconstituição não foi boa para ele” declara advogado de defesa do réu confesso

por Guilherme Becker
com informações do repórter Nader Khalil da RIC Record TV, Curitiba
Publicado em 13 fev 2020, às 00h00. Atualizado em: 20 jul 2023 às 09h39.

A reconstituição do caso Layane ocorreu nesta quarta-feira (12), 23 dias após o crime que chocou São José dos Pinhais. A jovem de 19 anos foi encontrada morta em um área de mata da cidade, com parte do corpo queimado e quase sem roupa. Miguel Ângelo Duarte, de 24 anos, confessou o crime e foi preso após a polícia ter acesso a uma conversa entre ele e a vítima.

Nesta quinta-feira (12), acompanhado por policiais, o réu confesso refez o caminho do crime e contou detalhes de como teria acontecido. Entretanto, o advogado que solicitou a reconstituição acredita que a operação não foi positiva para o cliente “para ele não foi uma boa reconstituição”, devido às contradições durante a encenação.

“Quando houve o suposto golpe do mata leão, que ele passou pelo muro, jogando o corpo dela, uns 60 kg aproximadamente, e ele demonstrou conforme ele fez a locomoção até onde foi encontrado o corpo, não fecha”, contou o advogado José Valdecir.

A reconstituição de como Layane foi morta é a resposta a um pedido feito pela própria defesa de Miguel, que insiste em afirmar que o réu cometeu o assassinato sozinho. Segundo o advogado José Valdecir, seu cliente está mentindo quando nega a existência de um segundo envolvido, principalmente, porque as evidência não condizem com sua versão. 

“Ele não está falando tudo que de fato aconteceu. Não é falta de eu ter perguntado a ele em todas as oportunidades. Ele se nega a falar e mantém que ele foi o único autor dos fatos”, diz o defensor. 

Mas, nesta nova etapa do processo, Miguel Ângelo manteve a mesmo posição dos outros dois depoimentos e garantiu que cometeu o crime sozinho. Durante a reconstituição, o réu teve muitas dificuldades para carregar o boneco, que era mais leve que Layane. Para jogar o corpo por cima do muro o homem teria causado ferimentos na jovem, batendo seu rosto com força no chão, o que causaria um hematoma, porém não havia marcas em Layane.

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Momento que Miguel Ângelo joga o corpo por cima do muro (FOTO: REPRODUÇÃO/ RIC RECORD TV)

No caminho entre o muro e o local onde o corpo de Layane foi encontrado, Miguel Ângelo chegou a cair três vezes por não aguentar o peso. O boneco utilizado na reconstituição até quebrou por causa das quedas e uma perita teve que improvisar na simulação. Entretanto, o réu garantiu que foi desta maneira e agiu sozinho.

“Daria uns 500 metros ou mais, ele carregando ela, aqui ele caiu três vezes. Quando passou, que saiu ali, onde teve a suposta agressão que ele relatou que ela partiu para cima dele e houve o mata leão, ele jogou ela pelo muro. O boneco bateu porque é uma altura razoável, ele não teve força suficiente para jogar esse boneco. E o boneco, nota-se, ele é menor, o peso menor, do que o corpo da vítima. Ali já começou a ter dúvidas, porque ele não teve força suficientes para jogar. No ele jogar o boneco bateu a cabeça no boneco e se fosse uma pessoa iria ficar um hematoma muito forte e ali começa às contraversões”, constata o advogado de defesa do réu.

A jovem não foi mais vista desde a noite de sábado (18) e seu corpo foi localizado no início da manhã de segunda-feira (20). em uma área de mata no bairro Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba.

Segundo a Polícia Militar, quando foi encontrada, Layane vestia apenas um sutiã, apresentava várias queimaduras, principalmente na barriga e nos braços e tinha a vários ferimentos na cabeça. “As roupas estavam longe do corpo, tinha um óculos de grau de cor rosa, uma corrente também e o corpo estava seminu, a uma distância de mais ou menos uns 10 metros do local onde estavam essas roupas”, contou o tenente Reginaldo Cason, da Polícia Militar.

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FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK LAYANE CZERVINSKI

A Polícia Civil chegou até Miguel depois que teve acesso a mensagens trocadas por ele e a vítima em uma rede social. Na conversa, os dois marcavam de se encontrar, entre o fim da noite de sábado e início da madrugada de domingo (19), nas proximidades da área de mata onde o corpo foi localizado.