Quem era Jociele Abreu, a jovem que foi brutalmente assassinada no PR
Vítima de um crime que chocou a pequena cidade de Arapoti trabalhava em uma fábrica de produtos hospitalares e se dedicava a cuidar da filha de sete anos
Vítima de um crime cruel na madrugada do dia 18, Jociele de Jesus Abreu era uma jovem cheia de sonhos e totalmente dedicada à criação da filha de sete anos. Essa é a maneira que os familiares e amigos lembrarão da jovem, que morreu aos 31 anos após ser atacada por um andarilho, em Arapoti, nos Campos Gerais do Paraná
Em um depoimento emocionante, Beatriz Santos de Paula, prima de Jociele, conta como era a rotina da jovem, que apenas queria curtir um dos raros momentos de lazer na noite do crime.
“Ela era uma pessoa mais reservada, não tinha muitos amigos, mas nunca foi uma pessoa de briga, nunca foi uma pessoa de bebedeira e muito menos de usar coisas ilícitas. A vida dela era trabalhar e ficar em casa. O único dia que ela tinha para se divertir era no sábado, porque ela não gostava de sair no domingo porque preferia descansar. Ela trabalhava no período da noite, até às duas da manhã. Duas e meia mais ou menos ela chegava em casa e eu, como sou de dormir tarde, sempre escutava ela chegando. E a filha dela ficava acordada também para dar um abraço na mãe, ela não queria dormir sem dar um abraço na mãe”, conta a prima, que lembra dos problemas de saúde que não impediam que Jociele lutasse diariamente para garantir que nada faltasse para a filha.
“Ela trabalhava de auxiliar de produção em uma empresa de produtos hospitalares e ela fazia muito empenho para trabalhar lá mesmo com os problemas de saúde que ela tinha. Ela tinha asma e bronquite e mais ou menos um mês atrás elas ficou praticamente duas semanas internada para fazer tratamento. E mesmo tendo esses problemas respiratórios ela falava que tinha que fazer empenho em trabalhar porque ela tinha a filha para criar. Ela tinha o desejo de estudar para poder dar uma vida melhor para a filha dela”, complementa.
Prima sempre foi vizinha de Jociele
Beatriz, que tem 33 anos, lembra dos muito momentos que passou ao lado da prima, e conta que elas conviviam praticamente como irmãs, já que sempre foram vizinhas.
“A gente tinha só dois anos de diferença, eu sou só dois anos mais velha do que ela. E tragicamente tiraram ela da gente, está sendo muito difícil para mim e para toda a família. Nós crescemos juntos, é uma vida inteira morando uma do lado da oura. Nossos pais, o meu pai e o dela, compraram um terreno juntos, que foi dividido, então a gente sempre morou juntas. E depois que a gente casou, eu construí a minha casa no terreno do meu pai e ela tinha a casa dela no terreno do pai dela, então não está nada fácil”, lamenta.
A prima conta que Jociele tinha medo de assalto quando voltava do trabalho, já que caminhava de madrugada pelas ruas da cidade. Mas nenhuma delas jamais imaginou que poderia ser vítima de um crime brutal como esse.
“Nesse trajeto que ela fazia, ainda mais de madrugada, ela nem levava o celular para o trabalho porque ela tinha medo de ser assaltada. Nesse fatídico dia ela tinha combinado de sair com uma amiga, mas essa amiga resolver não ir. A irmã dela também não quis ir com ela e ela decidiu sair sozinha mesmo. Era o único momento que ela tinha para se divertir, e infelizmente aconteceu isso”.
Jovem tinha sonhos simples e se dedicava à filha
Beatriz lembra que a prima tinha costumes simples e também não era muito sonhadora. E entre os hábitos comuns à uma jovem na idade dela, sair para se divertir com a irmã e as amigas era um dos mais recentes.
“Ela casou muito nova, então o tempo que ela tinha para poder sair, fazer amizades, curtir uma festa, um baile, algo do tipo, ela não teve. Só agora que ela estava separada é que ela começou a sair, e nem faz muito tempo, normalmente com a irmã dela. Mas infelizmente nesse dia a irmã não quis ir junto. Os sonhos dela sempre foram simples. Ela queria tirar a carteira de motorista, mas o que ela me dizia mesmo é que o maior sonho dela era ser feliz”, recorda a prima de Jociele.
“Ela sempre fazia algumas coisas simples que a deixavam feliz. Sair, se divertir, se arrumar, porque ela sempre foi muito vaidosa. E cuidar da filha. Toda vez que ela recebia o salário ela comprava um presentinho para trazer para a filha, as coisas que a filha gosta de comer. Então ela sempre foi uma pessoa reservada, mas sempre muito boa com as pessoas”.
Família e amigos farão última homenagem à Jociele
Após o crime que chocou a pequena cidade, que tem cerca de 26 mil habitantes, os moradores iniciaram uma corrente para cobrar por justiça e por mais segurança, principalmente para as mulheres. Para marcar esses pedidos, dois atos estão programados.
Neste domingo, comunidade local organizou uma caminhada, com início previsto para às 15h. Preferencialmente vestindo roupas brancas, os participantes serão passarão por algumas das principais ruas da cidade. Em seguida, a caminhada passará pelo local do crime. E então seguirá até o Cemitério Municipal de Arapoti, onde ela foi sepultada na terça-feira (20). A concentração será no Chafariz, às 14h30.
Ato cobrará justiça e segurança para as mulheres
E na segunda-feira (26), outro ato cobrará por justiça para o suspeito de estuprar e matar Jociele. A vigília terá início às 18h, também na Praça do Chafariz, e seguirá com uma caminhada até a Câmara Municipal de Arapoti, onde haverá um debate sobre segurança e crimes contra a mulher. Neste ato, os organizadores pedem que os participantes se vistam com roupas pretas.
“Eu prometi no caixão dela que a morte dela não seria em vão. Como não está sendo, porque esse crime brutal demais está repercutindo muito. Mas o principal é a união das pessoas, principalmente das mulheres, que hoje vão fazer uma homenagem para ela. E amanhã vão pedir por justiça, por proteção, então eu acho que a morte dela não ser em vão”, conta a prima de Jociele.
Agora, os familiares cobram mesmo é que o suspeito pague pelos crimes, até para que outras famílias não sofram com violência semelhante.
“Meu tio me falou da casa que ele construiu com tanto capricho para ela e que agora vai ficar ali, porque agora eles é que vão cuidar da neta. Agora eu só peço a Deus que dê força, principalmente para os pais, para a irmã, para que possam seguir em frente. E a gente pede que a justiça seja feita, porque se esse monstro não tivesse sido liberado da cadeia, pelo mesmo crime, ele não teria fito isso com ela. Então é muito revoltante, ele precisa pagar, também pelo que ele fez com os outros e foi libertado, para que ele não faça isso com mais ninguém”, conclui Beatriz.
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