Queda de avião completa 1 mês e ainda abala famílias: “Furacão que levou sonhos”

Famílias das vítimas do acidente em Vinhedo enfrentam a dor e cobram justiça um mês após a queda do avião da Voepass

Publicado em 9 set 2024, às 14h52. Atualizado às 15h38.
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A queda do avião da Voepass que matou 62 pessoas, em Vinhedo, no interior de São Paulo, completou um mês nesta segunda-feira (9). As famílias das vítimas continuam em busca de justiça.

Queda de avião completa 1 mês e ainda abala famílias: “Furacão que levou sonhos”
Queda de avião completou 30 dias nesta segunda-feira (9) (Foto: arquivo / RICtv Oeste)

Elisabeth Redivo, mãe da nutricionista e influenciadora Ana Caroline Redivo costuma a ir a clinicar onde a filha atendia quase todos os dias desde que ela faleceu na tragédia.

“Acho que isso está me dando força. Sinto a presença dela e é como se eu fizesse de conta que ela vai chegar daqui a pouco. Foi o pior dia da minha vida”, disse Elisabeth.

Queda de avião completa 1 mês e ainda abala famílias: “Furacão que levou sonhos”
Elisabeth é mão de Ana Caroline, uma das 62 vítimas do acidente (Foto: Reprodução / Redes Sociais / RICtv)

Aldemar Kunh era amigo dos oito representantes comerciais que estavam em uma convenção, quando morreram na queda do avião em Vinhedo. Ele lembrou da confraternização que teve com os amigos na noite anterior ao acidente.

“Na quinta-feira nós tivemos um evento maravilhoso. Foi tudo lindo. No outro dia, quando veio a notícia, desabei. Foi como um furacão que leva sonhos e projetos de uma vida toda”, afirmou.

Queda de avião completa 1 mês e ainda abala famílias: “Furacão que levou sonhos”
Altair era amigo dos oito representantes comerciais que foram vítimas dessa tragédia (Foto: Reprodução / RICtv Oeste)

Queda de avião matou 62 pessoas

O avião de médio porte da companhia Voepass, anteriormente conhecida como Passaredo, caiu no bairro Capela, em Vinhedo, no Interior de São Paulo, na tarde do dia 9 de agosto. A aeronave que saiu de Cascavel tinha como destino Guarulhos, em São Paulo. 58 passageiros e 4 tripulantes morreram na queda.

De acordo com a companhia aérea, o avião tinha capacidade para 68 passageiros e havia decolado às 11h58. O voo estava programado para pousar no Aeroporto Internacional de Guarulhos às 13h50, mas caiu minutos antes de chegar ao seu destino. As causas do desastre são investigadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Avião caído em Vinhedo
Avião que caiu em Vinhedo entrou em chamas após a queda (Foto: divulgação / FAB)

Piloto pediu à torre para reduzir altitude e foi negado

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou na tarde desta sexta-feira (6) o relatório preliminar da queda do avião, da companhia aérea Voepass, em Vinhedo, no interior de São Paulo. Na coletiva, o investigador disse que o piloto pediu à torre de aproximação, em São Paulo, para reduzir a altitude, porém, teve o pedido negado.

Após a solicitação ser negada, a torre pediu para que o piloto aguardasse por mais dois minutos e solicitou com que a aeronave fizesse a posição “SANPA” – uma curva à direita para que pudesse desviar de um outro avião, que estava passando por uma rota abaixo, e fazer a descida. No entanto, a partir desse momento, não houve mais contato entre a torre e os pilotos.

Durante a posição “SANPA”, a aeronave fez uma reversão à esquerda, que estava fora do previsto. Não se sabe se essa foi uma ação do piloto ou um movimento decorrente do avião. Em seguida, a aeronave fez novamente uma curva à direita e começou a cair em parafuso chato.

Queda de avião Vinhedo: piloto pediu à torre para reduzir altitude e foi negado
Avião que caiu em Vinhedo entrou em chamas após a queda (Foto: reprodução / Redes sociais)

Condição de gelo severa e pack inoperante

O Cenipa afirmou que a meteorologia previa condição de gelo severo no trajeto do avião e que o copiloto relatou bastante gelo na aeronave. Outra informação destacada pelo Cenipa foi que o pack do motor esquerdo estava inoperante, mas que essa condição não impossibilitava o voo.

Famílias de vítimas do acidente da Voepass criam associação para acompanhar caso

Familiares das vítimas do acidente com o avião da Voepass, que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, no dia 9 de agosto, criaram uma associação para defender os seus direitos. Assim, essa associação representará as famílias ao longo da investigação das causas e dos eventuais responsáveis pelo desastre.

“São muitas as demandas. Então nós vamos reunir, aos poucos, dependendo do momento, e nós vamos buscar dar apoio a essas famílias. A revolta é muito grande e queremos um mínimo de justiça para reparar [as famílias]. É lógico que nossas perdas são irreparáveis, mas nós queremos que não aconteça mais”, explica Dayani Santos. Ela é mãe de uma das vítimas da tragédia, a médica Arianne Albuquerque Risso, que viajava para participar de um congresso.

Moradora de Cascavel, no oeste do Paraná, de onde o avião decolou no dia do desastre, ela é uma das idealizadoras da associação, que cobra rapidez nas investigações. Além disso, os familiares das vítimas exigem que os possíveis responsáveis pelo acidente sejam punidos e que as conclusões do inquérito sirvam para evitar novos desastres.