Putin fará cerimônia no Kremlin após assinar decretos que abrem caminho para anexação de regiões da Ucrânia

Publicado em 29 set 2022, às 21h36. Atualizado às 21h40.

(Reuters) – O presidente russo, Vladimir Putin, deve sediar uma cerimônia no Kremlin na sexta-feira, anexando quatro regiões da Ucrânia, enquanto seu colega ucraniano disse que Putin teria que ser detido para que a Rússia evite as consequências mais prejudiciais da guerra.

Também houve um alerta do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Antonio Guterres, que disse que as anexações planejadas são uma “escalada perigosa” e comprometem as perspectivas de paz.

Putin dobrou a aposta na invasão que ordenou em fevereiro, apesar de sofrer uma grande reversão no campo de batalha neste mês e o descontentamento dentro da Rússia por uma “mobilização parcial” amplamente criticada que prevê o recrutamento de milhares de homens para lutar na Ucrânia.

“O custo de uma pessoa na Rússia querer continuar esta guerra é que a sociedade russa ficará sem uma economia normal, uma vida digna ou qualquer respeito pelos valores humanitários”, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy em um discurso na noite de quinta-feira.

“Isso ainda pode ser impedido. Mas, para isso, temos que deter aquela pessoa na Rússia que quer mais a guerra do que a vida. Suas vidas, cidadãos da Rússia”, disse Zelenskiy, que anteriormente falou sobre a entregar uma reação “muito dura” da Ucrânia ao reconhecimento russo dos resultados do chamado referendo.

Moscou planeja anexar províncias do leste e do sul após o que a Ucrânia e os países ocidentais disseram ser votações falsas, encenadas sob a mira de armas nas áreas ocupadas pelos russos de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia. O território controlado pela Rússia equivale a mais de 90.000 quilômetros quadrados, ou cerca de 15% da área total da Ucrânia – área do tamanho da Hungria ou de Portugal.

Putin assinou nesta quinta-feira decretos reconhecendo a independência de Kherson e Zaporizhzhia, um passo intermediário que abre caminho para que as regiões sejam formalmente anexadas à Rússia. Os decretos foram tornados públicos pelo Kremlin.

Zelenskiy prometeu uma forte resposta às anexações e convocou seus chefes de defesa e segurança para uma reunião de emergência na sexta-feira, onde “decisões fundamentais” serão tomadas, disse uma autoridade.

Na véspera da cerimônia planejada no Salão Georgievsky do Grande Palácio do Kremlin e de um concerto na Praça Vermelha, Putin disse que “todos os erros” cometidos em uma convocação anunciada na semana passada devem ser corrigidos, em seu primeiro reconhecimento público de que o processo de mobilização não correu bem.

Milhares de homens fugiram da Rússia para evitar o recrutamento, que foi anunciado como o alistamento daquels com experiência militar e especialidades exigidas, mas que muitas vezes parece alheio ao histórico de serviço, saúde, status de estudante ou mesmo idade dos indivíduos.

No evento de sexta-feira, Putin fará um discurso, conhecerá líderes da autodenominada República Popular de Donetsk (DNR) e da República Popular de Luhansk (LNR) e os líderes russos instalados das partes de Kherson e Zaporizhzhia que os russos forças ocupam.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não disse se Putin compareceria ao concerto na Praça Vermelha, já que fez um evento semelhante em 2014, depois que a Rússia proclamou que havia anexado a região da Crimeia, na Ucrânia.

Um palco foi montado na praça de Moscou com telas de vídeo gigantes e outdoors proclamando as quatro áreas como parte da Rússia.

(Reportagem das redações da Reuters)

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS PB PF

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