Policiais de Guarapuava são investigados por mensagens contra superiores após ataque
A Polícia Militar do Paraná (PMPR) instaurou um inquérito para investigar a conduta de 32 policiais do 16º Batalhão de Polícia Militar (BPM), lotado em Guarapuava, na região central do estado. De acordo com a investigação, os envolvidos teriam se alterado em um grupo de whatsapp, após a morte do cabo Ricieri durante um ataque a cidade, e realizado comentários desrespeitosos a superiores hierárquicos.
Na última segunda-feira (4), o deputado Soldado Fruet (PROS) cobrou na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) um posicionamento do governo do Estado do Paraná, da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SESP) e do Comando-Geral da Polícia Militar do Paraná (PMPR) sobre a abertura de um inquérito policial-militar (IPM).
“Eu não quero acreditar no que acabei de receber: 32 policiais militares que estavam na situação de Guarapuava, em que perdemos um policial, estão passíveis de serem punidos por terem comentando ou batido palmas em um grupo de Whatsapp”, disse o Soldado Fruet. Ele complementou: “abriram um IPM contra nossos heróis, guerreiros, que quase morreram em Guarapuava, por comentarem sobre algo que eu mesmo questionei aqui em plenário, que não existiu plano de contingência”.
O deputado ainda destacou na fala que “hierarquia e disciplina não podem ser usadas como mordaça”. Assista a declaração do Soldado Fruet.
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Denúncia de policiais em Guarapuava repercute
Em um documento enviado ao comando do 16º BPM no dia 29 de junho, foi informado que seria aberto um procedimento para avaliar a conduta de 32 policiais militares. A investigação teve início após uma denúncia de um capitão ao comandante do batalhão.
No ofício de citação de indiciamento dos policiais militares, produzido em Telêmaco Borba, um tenente-coronel recebeu a denúncia contra 27 soldados, três cabos e dois sargentos.
Diante do inquérito, a Associação dos Praças do 16º BPM emitiu uma nota relatando as ocorrências e destacando o momento em que as declarações foram realizadas.
“Cabe informar os cidadãos que tais comentários ocorreram no fatídico dia da morte do Sgt Ricieri Chagas, e que diante da revolta de seus irmãos de farda e das falácias realizados pelo ex-secretário de segurança pública e demais oficiais, os quais insistiam que existia um plano de contingência e que o mesmo teria sido executado com total perfeição. Diante disto e pela perda do irmão de farda, cerca de 30 policiais militares tomados pela emoção da perda e pelo sentimento de impunidade somado às declarações falsas noticiadas em rede nacional, questionaram no grupo da 1ª Cia sobre de quem seria a culpa, quem seriam os responsáveis por essa perda e sem a faltar com o respeito ou ferir a honra de qualquer autoridade expressaram de maneira firme o descontentamento e revolta que sentiam no momento”,
informou em nota.
Na nota, a associação ainda repudiou a denúncia, que pode gerar prejuízos aos policiais citados no inquérito.
“Informamos que estes 30 Policiais Militares denunciados de forma covarde, se forem condenados além de terem todos os transtornos referentes a suas condutas, podem incorrer em crime militar podendo até serem licenciados a bem da disciplina. Não seria justo com quem lutou para defender a cidade de Guarapuava no dia 17 de abril, e vem com determinação cumprindo a atividade-fim da Polícia Militar”,
concluiu.
Em nota, a Polícia Militar informou que o inquérito foi instaurado motivado por “comentários desairosos e desrespeitosos, oriundos de aplicativo de mensagens” e que as “ações, comportamentos, posturas e atitudes como as que ensejaram a instauração deste IPM, ao mundo civil podem parecer absurdas, no entanto, ao Militar Estadual estão devidamente previstas na legislação peculiar”. Veja na íntegra:
“Os fatos ocorridos em Guarapuava em 17 de abril de 2022, ensejaram a instauração de dois Inquéritos Policiais Militares (IPM) distintos. O primeiro IPM, que apurou as situações de defesa territorial e os confrontos ocorridos, instaurado pelo Comandante-Geral, foi concluído e remetido à Vara da Auditoria da Justiça Militar Estadual (VAJME), sem que qualquer Militar Estadual tenha sido indiciado.
O segundo IPM, foi instaurado pelo Comandante do 4º Comando Regional de Polícia Militar, motivado por comentários desairosos e desrespeitosos, oriundos de aplicativo de mensagens. Objetiva mediante o devido processo legal, esclarecer eventuais autorias e materialidade de crime. Salientamos que após conclusão, este IPM será remetido à VAJME, onde um representante do Ministério Público atuante nesta Vara especializada, mediante acurada análise decidirá sobre o oferecimento ou não de denúncia ao Juízo competente.
Ressaltamos derradeiramente que, ações, comportamentos, posturas e atitudes como as que ensejaram a instauração deste IPM, ao mundo civil podem parecer absurdas, no entanto, ao Militar Estadual estão devidamente previstas na legislação peculiar.”