Polícia investiga situação de cárcere privado em boate, no Sudoeste do Paraná

por Julia Cappeletto
com supervisão de Aline Cristina
Publicado em 29 set 2021, às 14h23. Atualizado às 15h10.

Um homem, de 27 anos, foi autuado em flagrante na segunda-feira (27) por manter três jovens em condições análogas à de escravo consumado e também por tentativa de tráfico de pessoas, em Coronel Vivida, no Sudoeste do Paraná.

De acordo com o delegado Rômulo Ventrela da Polícia Civil, três mulheres estavam sendo mantidas dentro de uma boate. A mãe de uma dessas jovens teria ido de Paranaguá até Coronel Vivida para resgatar a filha.

“Os policiais militares foram com essa mulher até a boate, e aí localizaram as três moças, que ao serem questionadas, disseram que estariam proibidas de sair da boate, em razão de uma suposta dívida que elas teriam com o gerente do local e, que esse mesmo gerente estaria negociando, sem o consentimento delas, a transferência das mulheres para uma outra boate em Foz do Iguaçu”,

relata o delegado.

A investigação aponta que, após a transferência das mulheres, considerada tráfico de pessoas, a dívida delas seria assumida pelo proprietário da outra boate. Mas, conforme relato do homem autuado em flagrante, em nenhum momento, ele teria impedido as vítimas de saírem do local.

As jovens contaram à polícia que foram de Paranaguá à Coronel Vivida à convite do proprietário da boate para trabalhar no local. O homem teria prometido dinheiro e benefícios para as vítimas. Contudo, uma vez que as jovens chegaram na boate, o comportamento do autuado teria mudado, passando a ser agressivo, além de começar a restringir a entrada e saída das mulheres do local, sendo que quando elas conseguiam sair, sempre eram vigiadas.

Além disso, segundo o delegado, as vítimas relaram que sempre eram obrigadas a realizarem uma escala de trabalho, que muitas vezes, chegava a ser excessiva. Ainda, eram multadas por infrações que não estavam previstas em nenhum contrato, sendo que quando elas começaram a não concordar com as atitudes tomadas pelo proprietário da boate, ele passou a a privá-las de alimentos ou de itens de primeira necessidade.

Um boletim de ocorrência foi confeccionado e todas as partes foram encaminhadas à delegacia de Polícia Civil de Pato Branco. Agora, testemunhas serão ouvidas, imagens de câmera de segurança da boate serão analisadas, assim como mensagens trocadas entre as vítimas e, ao final de 10 dias, os autos serão encaminhados ao Judiciário.