Peeling de fenol: Polícia Civil investiga mais um caso de lesões graves no Paraná

Idosa sofreu queimaduras de segundo e terceiro graus após passar por procedimento estético realizado por profissional não habilitada

Publicado em 12 jun 2024, às 13h44.
POST 2 DE 5

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) investiga o caso de uma idosa que sofreu queimaduras graves após passar por um procedimento estético conhecido como peeling de fenol. A investigada é uma profissional que se identifica como biomédica, mas que, de acordo com a polícia, ainda não concluiu a graduação. O caso é semelhante ao que causou a morte do empresário Henrique Chagas, de 33 anos, no dia 3 de junho, em São Paulo.

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) investiga o caso de uma idosa que sofreu queimaduras graves após passar por um procedimento estético conhecido como peeling de fenol. A investigada é uma profissional que se identifica como biomédica, mas que, de acordo com a polícia, ainda não concluiu a graduação
Delegada Aline Manzatto é a responsável pela investigações desse caso (Foto: Reprodução/RICtv)

Nesse novo caso ocorrido em Curitiba, a Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Saúde investiga uma esteticista que aplicou o tratamento em uma idosa de 64 anos. De acordo com as primeiras apurações, a investigada realizou o peeling de fenol na vítima no dia 25 de maio. Após 11 dias do procedimento, a idosa sentiu dores intensas no rosto e procurou um hospital.

Idosa teve queimaduras de segundo e terceiro graus após aplicação de fenol

Segundo a delegada Aline Manzatto, a vítima sofreu queimaduras de segundo e terceiro grau e passou por uma intervenção cirúrgica para tratar a derme facial. Além disso, ela terá que realizar outra cirurgia para realizar um enxerto de pele nas pálpebras.

“Os familiares da vítima informaram que essa esteticista inicialmente teria se identificado como profissional formada em biomedicina. Entretanto apurou-se que essa esteticista ainda está cursando a faculdade de biomedicina. Portanto, ela tem apenas cursos de esteticista. No entanto, ela afirma que fez um curso com uma dentista em São Paulo, com duração de três dias, e teria pago R$ 15 mil neste curso. Ela diz ainda que a dentista que deu o curso informou que o procedimento poderia ser realizado por qualquer profissional de estética”, relata a delegada.

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) investiga o caso de uma idosa que sofreu queimaduras graves após passar por um procedimento estético conhecido como peeling de fenol. A investigada é uma profissional que se identifica como biomédica, mas que, de acordo com a polícia, ainda não concluiu a graduação
Somente profissionais habilitados da área de saúde podem realizar procedimentos invasivos (Foto: Reprodução/RICtv)

Ela explica que somente profissionais com formação superior na área de saúde pode realizar o peeling de fenol. Além disso, procedimentos invasivos como esse só podem ser feitos em centros cirúrgicos, que dispõem do suporte necessário para controlar eventuais complicações.

“O fenol é um produto extremamente tóxico para alguns órgãos. Se o tratamento for profundo, precisa de centro cirúrgico, portanto somente médicos, com todo o equipamento e monitoramento, podem realizá-lo. E os casos superficiais, a depender da legislação específica de cada uma dessas profissões, poderia ser feito, mas desde que por um profissional habilitado na área de saúde”, complementa a delegada.

Agora, após ouvir a esteticista e a vítima das queimaduras, a delegada deve concluir o inquérito policial nos próximos dias. A polícia poderá indiciar a responsável pelo tratamento pelos crimes de lesão corporal, exercício ilegal da medicina e uso de produto falsificado destinado a fins terapêuticos ou medicinais.

Caso que resultou em morte teve repercussão nacional e desdobramentos no Paraná

O procedimento estético conhecido como peeling de fenol ganhou destaque nacionalmente nos últimos dias após a morte do empresário Henrique Chagas. Ele faleceu no dia 3 de junho, duas horas após realizar o procedimento na clínica da influencer Natalia Becker.

Durante a investigação da morte, a influencer afirmou à Polícia Civil de São Paulo que estava habilitada a realizar o procedimento por ter feito um curso à distância com a farmacêutica paranaense Daniele Stuart. Mas a defesa da autora e vendedora do curso nega qualquer envolvimento dela com o caso.

De acordo com Jeffrey Chiquini, advogado de defesa da professora Daniele Stuart, a mulher que adquiriu o curso não aplicou corretamente o protocolo ensinado. “A causa da morte da vítima é culpa exclusiva da irresponsabilidade da autora da conduta, que além de não habilitada para atuar cometeu erros graves na realização do procedimento”.

Peeling de fenol: autora de curso dá detalhes sobre caso e deve ir a delegacia
“Meus sentimentos à família. Jamais tive a intenção de ocasionar nenhum dano”, disse Daniele Stuart (Foto: RICtv)

Em entrevista coletiva, realizada nesta terça-feira (11), o advogado afirmou que Natália Becker só concluiu o curso de 6 horas no dia 8 de junho, dias depois da morte do paciente.

“Se ela fez ou não fez o curso, não importa, ela aplicou o procedimento errado e ela praticou um crime de homicídio, e a doutora Danieli não tem qualquer relação com isso”, disse Chiquini.

Daniele Stuart também esteve presente na coletiva e deu detalhes sobre o caso. “Meus alunos estão indignados com o ocorrido e todos estamos sendo lesados pelo fato que aconteceu. Queria deixar aqui meus sentimentos pela família, jamais tive a intenção de ocasionar nenhum dano. Vim aqui à imprensa para poder esclarecer os fatos e dizer que Natália não é habilitada, Natália não seguiu o meu protocolo e é injusto o que está acontecendo, vincular minha imagem a uma pessoa que ocasionou tanta dor […] Meus sentimentos à família. Jamais tive a intenção de ocasionar nenhum dano”, disse a mulher durante o pronunciamento.

Quem é Daniele Stuart, paranaense que vendeu curso de peeling de fenol pela internet

Daniele Stuart é farmacêutica e empresária de Curitiba. Nas redes, a mulher se apresenta também como pós graduada em estética avançada internacional e desenvolvedora do método N.Face com peeling de fenol.

Paranaense que vendeu curso de peeling de fenol pela internet será investigada
Daniele Stuart deve ser ouvida nos próximos dias pela polícia (Foto: Reprodução/Instagram)

De acordo com a Record TV, Daniele vendia o curso de peeling de fenol na internet. O material consiste em 43 páginas com um passo a passo sobre o tratamento com o ácido. Em certo trecho do documento, a paranaense destaca que o tratamento tem níveis de profundidade na pele. “Nós não médicos, somos habilitados a trabalhar com peeling de profundidade média”, diz o material de estudo.

A Sociedade Brasileira de Medicina garante que qualquer aplicação do peeling de fenol só pode ser feita por médicos e, de preferência, em ambiente hospitalar. O risco é de queimaduras na pele e de intoxicação.

Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui