O grito das mulheres sul-coreanas ao mundo após onda de pornografia deepfake

Nos primeiros sete meses deste ano, mais de 200 casos envolvendo deepfake foram relatados a polícia, mas estima-se que o número de vítimas seja maior

Publicado em 4 set 2024, às 14h14.

As mulheres sul-coreanas estão enfrentando uma onda de pornografia deepfake que estão se espalhando pelas redes sociais do país. Conforme os relatos, um canal do Telegram tinha mais de 200 mil membros criando e compartilhando imagens e vídeos adulterados usando rostos de mulheres, crianças e adolescentes.

As mulheres sul-coreanas estão se unindo para pedir que os culpados sejam punidos (Foto: BBC Korea)

Uma conta chamada Queenarchive1 no X foi uma das primeiras a expor o assunto. Eles postaram capturas de tela dessas salas de Telegram. Com hashtags como #Protect_WomenAndGirls ganhando força nas redes sociais, o governo sul-coreano passou a agir.

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Recentemente o governo coreano anunciou novas regulamentações que irá penalizar a posse, compra de vídeos deepfake e a visualização desses materiais. De acordo com o governo, uma nova linha direta de denúncias deve ser lançada. Além disso, o governo orientou que as mulheres evitem compartilhar fotos pessoais nas redes sociais, e que mantenham suas contas privadas. 

“Muitas vítimas são menores de idade, e a maioria dos perpetradores também foi identificada como adolescentes”, disse Yoon Suk Yeol o presidente da Coreia do Sul durante uma reunião no gabinete.

Apesar da recente repercussão, de acordo com a mídia sul-coreana, os casos de crimes sexuais online não são uma novidade. Conforme o repórter Kim Do-hyeon, desde o início e meados da década de 2000, a prática de compor rostos de celebridades em fotos obscenas tem sido praticada e, desde então, as vítimas se expandiram para incluir o público geral. 

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Relato de vítima

Atualmente as mulheres sul-coreanas estão se unindo e pretende realizar um protestos nas ruas da Coreia do Sul para pedir punição severa nos casos de deefake. Os protestos estão previstos para acontecer neste mês.

De acordo com os relatório divulgados, nos primeiros sete meses deste ano, 297 casos de crimes deepfake de natureza sexual foram relatados. Mas acredita-se que existem mais vítimas. Uma estudante, de 17 anos, relatou ao jornal The Korea Herald, que sua imagem foi usada em deepfakes e ela foi ameaçada por mensagens de texto.

“Olhei para o meu telefone depois da escola quando vi uma mensagem enviada por uma conta não identificada. A mensagem dizia: ‘Seus amigos e pais sabem sobre esse lado da sua vida?’ com um anexo de três fotos”.

Conforme a mídia sul-coreana, o número de menores que buscaram ajuda devido a deepfakes também teve um aumento exponencial nos últimos anos, de 64 em 2022 para 288 neste ano. De acordo com um relatório da Security Hero, os coreanos são o principal alvo de criadores de pornografia deepfake em 2023, e cerca de 60% das vítimas são adolescentes.

De acordo com a lei sul-coreana, fazer deepfakes sexualmente explícitos com a intenção de distribuí-los é punível com cinco anos de prisão ou multa de 50 milhões de wons. A princípio não foram anunciadas prisões relacionadas ao crime de deepfake.

Atualmente algumas agências de k-pop estão reunindo provas para solucionar o problema de deepfake envolvendo seus artistas. A JYP Entertainment, responsável pelo grupo Twice, anunciou que está reunindo provas sobre vídeos deepfake das integrantes e vai agir legalmente contra os criadores e distribuidores.

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