Motorista que matou caminhoneiro atropelado e fugiu diz que não viu a vítima
O motorista de 32 anos que atropelou e matou o caminhoneiro Ernani Medeiros Souza, de 39 anos, no trecho da BR-116 que passa por Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, declarou à polícia não ter percebido que atingiu uma pessoa. A RICtv teve acesso ao depoimento do homem, que não teve a identidade divulgada, nesta quarta-feira (12).
O acidente ocorreu no dia 11 de novembro, mas o suspeito só se apresentou na delegacia seis dias depois. Na ocasião, o veículo usado no momento do atropelamento também foi entregue para perícia. O carro estava com o para-brisa destruído, com a lateral totalmente danificada devido a colisão e com marcas de sangue.
Segundo seu relato, ele procurava um doce para comer, quando em um momento de descuido bateu contra o caminhão da vítima, que estava estacionado às margens da rodovia. O condutor admitiu que viu uma “pessoa se jogando da frente de seu carro”, mas pensou que ela não havia sido acertada.
Ele ainda disse não ter parado para prestar socorro por “acreditar que não atropelou ninguém, por medo de briga com o dono do caminhão, por estar sem carteira de habilitação e por medo de represálias”.
Para o advogado da família de Ernani, o motorista assumiu o risco de produzir esse resultado. “Isso porque ele tem um histórico maculado por infrações de trânsito, por desrespeito às normas vigentes, ele tinha a perda do seu direito de dirigir já atestada pelo sistema administrativo”, Caio Percival.
Entre as nove multas aplicadas no motorista que atropelou o caminhoneiro, a maioria são por excesso de velocidade. No depoimento, ele afirmou que acreditava estar entre 90 e 100 Km/h e que após o acidente foi para casa, mostrou o carro batido para a esposa e só viu as marcas de sangue no dia seguinte, ao amanhecer.
Tatiana Strey, esposa de Ernani, se diz revoltada com a situação. Conforme conta, até agora, ela sofre para falar sobre a morte do pai com os três filhos pequenos do casal.
“Pro pequenininho, eu digo que o pai virou e já as outras entendem mais, mas não aceitam. Não tem como aceitar. É revoltante. É revoltante saber que ele está livre, está com a família dele e os meus filhos estão perguntando do pai. Não teve Natal, não teve Ano Novo. Ele tirou a vida do meu marido, pai dos meus filhos e continua solto”,
desabafou Tatiana.
Caminhoneiro há mais de 20 anos, Ernani vivia com a família no bairro Santa Rita, em Campina Grande do Sul. Seu corpo foi encontrado, por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), próximo ao caminhão que estava com a porta aberta e o motor ligado.
O inquérito policial ainda está em andamento na Delegacia de Campina Grande do Sul.