Liminar liberta família de religiosos suspeita de tráfico de pessoas em Maringá
Após pedido de habeas corpus, o Tribunal de Justiça concedeu nesta segunda-feira (23) uma liminar que libertou da cadeia os líderes religiosos presos durante operação do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) no fim de julho em Maringá. Os três líderes da mesma família e a secretária da igreja onde aconteciam os crimes devem ser liberados entre a tarde desta terça-feira e manhã desta quarta (24 e 25).
Os quatro vão responder o processo em liberdade porque, segundo a defesa, não se pode cumprir pena antecipada. Eles são suspeitos pelos crimes de associação criminosa e tráfico de pessoas com a finalidade de submeter a condições análogas à de escravo. Os casal de religiosos ainda foi indiciado por subtração de incapaz, já que as crianças eram mantidas sem acesso dos pais.
Relembre o caso
O trio de religiosos foi preso no dia 23 de julho em operação do Nucria. Segundo as investigações, eles comandavam a venda de pizzas em Maringá e cidades da região. O trio atraia crianças e adolescentes afirmando que a ação seria uma obra divina e que o dinheiro seria doado para crianças com câncer. Ao menos 11 crianças foram vítimas da família, diz a polícia.
De acordo com as investigações, após o aliciamento, os menores eram submetidos ao trabalho forçado, em jornada excessiva. Os suspeitos ainda obrigariam as crianças a prestar contas relacionadas às vendas, por meio de ameaças e agressões físicas e verbais.
De acordo com a Vigilância Sanitária, foram encontrados produtos usados na confecção de pizzas armazenados de forma irregular, fora da temperatura de acondicionamento ideal, sem data de validade e sem procedência.
A secretaria da igreja foi presa no dia 13 de agosto, após a Polícia Civil apontar que ela cuidava da parte financeira da igreja, além de coordenar e fiscalizar o trabalho das crianças vítimas dos religiosos.