Homem diz que matou esposa e enteado durante crise de abstinência de crack

por Redação RIC.com.br
com informações de William Bittar, da RIC Record TV Curitiba
Publicado em 4 set 2021, às 15h12. Atualizado em: 27 jul 2023 às 11h07.

Elizeu de Castro Silva, de 31 anos, preso neste sábado (4) pelo assassinatos de sua esposa Ivanilda de Magalhães de Castro, 32 anos, e do enteado, Renan de Magalhães Ribeiro, de 9 anos, declarou que cometeu o crime durante uma crise de abstinência de drogas. 

Na delegacia de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, Elizeu disse informalmente que estava em privação de drogas quando foi para o quarto, pegou um travesseiro, colocou na esposa e a esfaqueou. Ele não deu detalhes sobre a forma como tirou a vida de Renan, encontrado morto em outro quarto. 

Ao ser indagado sobre a motivação do crime, o assassino confesso disse à equipe da RIC Record TV que não gostaria de falar sobre o assunto. “Isso me traz dor, não quero nem lembrar”, disse Elizeu. 

Elizeu era procurado pela polícia desde a última quarta-feira (1º), dia em que os corpos das vítimas foram encontrados dentro da casa em que a família vivia em Piraquara. Ele foi localizado na manhã deste sábado na Av. Presidente Wenceslau Braz, no bairro Vila Guaíra, em Curitiba.

De acordo com os guardas municipais que realizaram a prisão, ele ficou nervoso ao ver a viatura e mentiu sobre seu nome, na tentativa de não ser descoberto. “Quando ele viu a viatura indo em direção ao local onde ele se encontrava, ele foi para as margens do rio e ficou em uma cabana. A equipe deu voz de abordagem e pediu o nome dele, mas ele deu o nome do irmão, no qual não constava nada”, conta Hostert, da Guarda Municipal. 

O homem que confessou ter assassinado a esposa e o enteado estava um barraco ao lado do rio. (Foto: Divulgação/Guarda Municipal)

Elizeu tem um mandado de prisão preventiva em seu desfavor e deverá ser transferido para uma unidade prisional nas próximas horas. 

Em nota, o advogado Igor Ogar, que representa a família das vítimas, agradeceu a Guarda Municipal pela captura e ressaltou que não acredita na alegação de que o crime tenha sido cometido durante um “surto psicótico”.

“Esse surto que o assassino alega, não existiu. Pois se trata de um surto seletivo, conveniente, pois a si próprio só “pensou” em tirar a própria vida. Sua filha biológica não a matou, embora tenha cometido o crime de abandono de incapaz, deixando a própria filha trancada em casa, onde viveu cenas de um filme de terror, assistindo o irmão e a Mãe, mortos, por mais de 12 horas. Ele não pensa para derramar o sangue alheio. O surto só se faz presente se for para fazer mal a outros. Por qual razão não se entregou? Estava “pensando” em se entregar? Ele sabia muito bem o que fazia, tanto que fugiu. Iria se apresentar quando? Surto psicótico eterno?  Esperamos que ela vá a júri, e a sociedade de Piraquara dê uma resposta severa a altura do crime praticado. Alguém precisa deter esse marginal”, diz parte da manifestação.

Familiares das vítimas e de Elizeu já haviam levantado a possibilidade do uso de drogas estar ligado ao crime brutal. Em depoimento, seu padrasto contou que o enteado é dependente químico, usuário de crack, e várias vezes saiu de casa para usar entorpecentes no bairro Parolin, na capital, e só voltou dias depois. 

Ele inclusive relatou uma situação em que o suspeito abandonou o enteado trancado dentro de um veículo, em um estacionamento no centro de Curitiba, e saiu para usar crack. Na ocasião, a criança precisou ser resgatada por familiares.

Para a Polícia Civil, uma das linhas de investigação é de que Renan possa ter tentado defender a mãe após uma discussão do casal relacionada às drogas. “Havia um desentendimento familiar com relação à isso, com relação às drogas, a esposa tinha até um canal gospel, tinha influência religiosa, e não aturava esse tipo de comportamento dele”, disse o investigador Sérgio Klaar. O investigador ainda relatou que o menino, vendo a discussão acalorada, pode ter tentado intervir.

Os corpos de Ivanilda e de Renan foram encontrados por familiares. Segundo o relato do padrasto de Elizeu, ele e um irmão do suspeito invadiram a residência depois de se depararem com a única sobrevivente – uma menina de dois anos, filha de Elizeu com a vítima – chorando na janela. Ele permaneceu mais de 12h trancada com os cadáveres da mãe e do irmão.

Irmãos de Vany cogitam que ela poderia estar passando por alguma situação no casamento, mas que por ser evangélica e temer a separação, não falou sobre isso com ninguém. Fábio ainda relatou que Vany era uma mãe exemplar e muito religiosa. A mulher tinha um canal no Youtube onde cantava hinos da igreja.

Ainda, o advogado argumenta que familiares já haviam percebido que o menino sofria nas mãos de Elizeu. “Eu acredito que essa pessoa, o Elizeu, ele tem duas faces: uma face de um bom cristão e outra fase oculta de um usuário de drogas, que maltratava essa criança. São as informações que já estão inclusive no inquérito, relatadas pelos familiares.” afirmou Igor Ogar.