Homem comete crime, dá nome falso e irmão é acusado no lugar dele, em Curitiba
Um homem foi acusado injustamente após o próprio irmão se passar por ele ao cometer um crime, em Curitiba. O trabalhador autônomo Célio Teodoro teve o seu nome usado por Valdir Pereira, que é seu irmão e morador de rua.
Em junho de 2017, Valdir tentou roubar o celular de uma jovem no bairro Abranches, na capital paranaense. Pessoas que passavam pelo local perceberam a tentativa, agrediram Valdir e chamaram a polícia. Foi neste momento em que ele começou a usar o nome do irmão.
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Célio só descobriu cinco meses depois, quando a polícia procurou por ele em sua própria casa, em um condomínio de Curitiba. Na época, o autônomo se recuperava de um grave acidente de moto e estava tomando medicamentos fortes. A sogra de Célio recebeu os policiais e assustou-se com a situação.
“Ela estava sentada lá na frente de casa e uma viatura parou e perguntou do Célio, deu o nome completo, perguntou se morava ali e disse que havia um mandado de prisão. Nesse momento a minha mãe falou que não o conhecia, porque ficou assustada. Ele estava na cama, usando fralda e com um mandado de prisão. Como assim?”,
explica a estudante Taciane de Souza.
O primeiro advogado que trabalhou no caso conseguiu acesso ao vídeo da audiência de custódia de Valdir.
“Bateu uma indignação muito forte por ser irmão, por ser sangue. Eu não entendi o motivo de ele ter feito aquilo. É desnecessário, mas infelizmente aconteceu”,
conta Célio, sobre a reação que teve ao ver o vídeo.
No boletim de identificação criminal o nome que aparece é o de Célio. A assinatura, no entanto, é a do irmão.
Com outro advogado, a família conseguiu retirar o nome de Célio do processo. Quase um ano após o crime, Valdir foi condenado a cinco anos e quatro meses de prisão em regime semiaberto, por roubo agravado.
Vida prejudicada
Mesmo após a condenação, o nome de Célio ainda aparece com antecedentes criminais. Segundo o advogado Paulo Veresqui, o autônomo está com o título de eleitor em condição suspensa e com anotações no registro geral. Célio relata dificuldade em conseguir um emprego.
“A gente passou por muita necessidade, chegou a passar fome. A gente morava de aluguel e fomos despejados. Eu não consegui fazer a fisioterapia porque eu estava com mandado de prisão. Eu tive que fazer tudo em casa, sozinho, me virar do jeito que eu podia”,
destaca.
O autônomo conta que o irmão se envolveu com drogas cedo e aos 12 anos de idade começou a viver na rua. Apesar de tanto sofrimento, Célio diz que perdoa Valdir.
“Eu já perdoei ele, mas igual eu falo pra todo mundo que eu conheço: ele no canto dele e eu no meu. Porque eu não sei qual vai ser minha reação o dia que eu encontrar ele”,
explica Célio.