Defesa de motorista suspeito de causar confusão em procissão contesta versão oficial

Publicado em 9 maio 2022, às 18h12.

A defesa do homem acusado pela Guarda Municipal (GM) de ter causado uma confusão na procissão de Sexta-feira Santa da Paróquia Santa Rita de Cássia, no Hauer, em Curitiba, se pronunciou sobre o caso e relatou uma versão completamente diferente dos agentes. (Assista a reportagem abaixo).

A versão dos guardas municipais é que o veículo estava em alta velocidade, não parou quando foi solicitado e teria jogado o veículo para cima de um dos agentes. A defesa do motorista apresentou imagens de uma câmera de vigilância e contestou a versão.

Guilherme Abulhosem, advogado do condutor, relatou que o rapaz mora na rua em que acontecia o ato religioso. No momento que chegou na esquina que os polícias estavam, não recebeu nenhuma sinalização e seguiu porque percebeu que a rua estava fechada por causa da procissão.

“Passou reto”

Outro registro mostra um guarda sinalizando para os carros que passam na região próxima ao evento. Nesse momento, o mesmo veículo passa pelo agente, que vai pro meio da rua, e não para. Segundo o advogado, o jovem não estava em alta velocidade e o rapaz disse que não entendeu que se tratava de um sinal para parar o carro.

“Em nenhum momento foi sinalizado isso pelos guardas municipais que era para parar ou qualquer tipo de abordagem, ele entendeu realmente que era para diminuir a velocidade. Ele não estava em alta velocidade, então ele diminuiu a velocidade e passou reto”,

disse Guilherme Abulhosem à RICtv.

O advogado ainda disse que é possível ver, por meio das imagens, que outros carros fazem o mesmo movimento.

“Quando nós fomos abordados, o policial se jogou na rua e ele desviou com o carro. Sem grito, sem voz, ele só se jogou na frente, ele desviou e o policial atirou. Em momento algum ele tentou atropelar o policial, eu conheço ele há anos e ele não é uma pessoa dessa índole”,

contou um dos passageiros do veículo.

Disparos

Pelas imagens é possível constatar que a tentativa de abordagem teria sido às 20h07, já o momento dos tiros aconteceu às 20h51.

A defesa informou que nesse intervalo de tempo o jovem teria ido até a casa de um amigo, e na volta passou na região novamente para ver se a rua estava liberada para voltar à residência. Neste momento, um guarda efetuou quatro disparos contra o veículo.

O passageiro, de 21 anos, ficou ferido, pois foi atingido por estilhaços de vidro, de quando a janela do automóvel estourou com o tiro dado por um dos guardas. Uma ambulância foi chamada e o rapaz foi levado ao Hospital do Trabalhador.

Embriagado

O teste do bafômetro apontou 0,62 miligramas de álcool por litro de ar, o que confirmou que o rapaz estava alcoolizado e cometeu um crime de trânsito. O motorista ficou preso por quatro dias.

A defesa questiona o teste do bafômetro que teria sido feito na casa do jovem e também diz que ele foi agredido pelos guardas municipais.

“É importante frisar que ele fez por livre e espontânea vontade o teste do bafômetro, porém, não foi feito no ato da flagrância. Foi feito na casa dele após muito tempo”.   

conta o advogado.

Em nota, a GM informou “que vai tomar as providências cabíveis, caso haja nova evidências. Será reaberto o procedimento legal e encaminhado para a corregedoria”.

Assista a reportagem: