Defesa de Guaranho afirma que Sesp mentiu sobre cuidados com policial no CMP

Publicado em 13 ago 2022, às 14h00. Atualizado às 14h01.

Poliana Lemes Cardoso, advogada do policial penal Jorge Guaranho, acompanhou a transferência dele da prisão domiciliar em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, para o Complexo Médico Penal (CMP) em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Ela divulgou um vídeo sobre o caso, dizendo que Guaranho não recebeu no CMP o suporte que a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) disse que daria.

A advogada diz no vídeo que durante o transporte de ambulância, e também no CMP, não havia enfermeiro para auxiliar o réu, visto que Guaranho não consegue andar, se alimentar e nem fazer a higiene pessoal sozinho. Ela ainda afirmou que o policial penal está numa cela com outro preso comum e que não tem condições de dar este suporte.

Ela ainda afirmou que ele está sem alimentação desde sexta-feira (12), quando iniciou a transferência, até o fim da manhã deste sábado (12). Disse que os familiares também enviaram a medicação junto com o paciente, mas que nenhum foi ministrado e que Guaranho estava sentindo muita dor.

“Nada do que foi relatado pelo secretário foi cumprido e vim aqui denunciar essa questão desumana. O diretor do CMP tinha plena razão quando disse que não existia a possibilidade de receber o Guaranho, porque ele correria grave risco de vida. Informou ainda que não tem condições de receber um preso comum, quem dirá uma pessoa debilitado como ele”,

disse Poliana.

De fato, no dia 22 de março, o CMP passou por uma interdição ética do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR). Uma fiscalização do CRM contatou falta de médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas e fisioterapeutas, entre outros profissionais importantes para a dequada prestação de serviços médicos. Isso impediu que o CMP recebesse mais pacientes.

Veja a reclamação da advogada, que na sexta (12) já tinha chamado a transferência de atitude midiática e eleitoreira:

Sesp se manifesta sobre acusação

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) rebateu a acusação da advogada, dizendo que ele recebeu cuidados desde que chegou e que está internado bem próximo ao posto de enfermagem.

Veja a nota de explicação na íntegra:

“A Secretaria da Segurança Pública informa que o médico receitou dieta pastosa, visto que o réu apresentou dificuldade para mastigação. Os curativos foram refeitos pela equipe de enfermagem e seu quadro é estável. Ele passará por tratamento de reabilitação fisioterapêutica diariamente, de segunda a sexta-feira, no Complexo Médico Penal. Caso apresente outras necessidades, poderá ser assistido por equipes multidisciplinares no local ou escoltado em outros centros de saúde. Ele está em uma maca hospitalar em cela especial para policiais, próxima ao posto de enfermagem daquela ala, juntamente com outro detento da área da segurança.”

O que mudou no CMP com a transferência de Guaranho?

O RIC Mais pediu à Sesp uma explicação sobre quais mudanças ocorreram no CMP, para que Guaranho pudesse ser recebido. Na última quarta-feira (10), quando o policial penal ganhou alta do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu, o juíz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3.ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu determinou que ele fosse levado ao CMP.

Mas a direção do CMP respondeu ao pedido do juíz, dizendo que não tinha condições técnicas de receber o preso. Por conta disso, e a contragosto, o juíz mandou Guaranho para prisão domiciliar. Para nova surpresa de todos, Guaranho acabou sendo transferido para o CMP na madrugada deste sábado (13). O RIC Mais pediu à Sesp um posicionamento para saber o que mudou nas condições técnicas do local.

A Sesp respondeu que precisou fazer um amplo planejamento para receber o réu. Veja na íntegra a resposta:

“A Secretaria da Segurança Pública (SESP) está mobilizando equipes para fazer a transferência do custodiado até o Complexo Médico Penal (CMP), em Curitiba, onde ele ficará detido. O Estado do Paraná informou o Poder Judiciário nesta sexta-feira (12) que tem condições de receber o detento e realizar atendimento médico padrão, com equipe médica, de enfermagem e de fisioterapia.

A manifestação técnica do diretor clínico do CMP, anexada ao processo antes da decisão judicial de prisão domiciliar, foi feita com base nos recursos que a unidade dispunha no momento e se deu em caráter administrativo. Após amplo planejamento, a SESP adequou a unidade para que o internamento no sistema prisional seja feito conforme as necessidades médicas apontadas.

No que diz respeito ao encaminhamento para presídio federal, a SESP já diligenciou junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e, tão logo se confirme a disponibilidade de vaga, providenciará, em parceria com as demais autoridades paranaenses, a apresentação do pedido correspondente para análise dos magistrados que respondem pela autorização.”

Guaranho deverá ir para presídio federal

Como diz a nota da Sesp, Guaranho deverá ficar temporariamente internado no CMP. O juíz de Foz do Iguaçu solicitou uma vaga em presído federal, que tenha o serviço médico adequado para atendê-lo. Ele deverá ser transferido tão logo uma vaga seja localizada.