Confira mensagens enviadas por policiais de Guarapuava que podem caracterizar crime

Publicado em 8 jul 2022, às 09h24. Atualizado em: 27 jul 2023 às 11h08.

A Polícia Militar do Paraná (PMPR) informou que foi aberto Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar a conduta de 32 policiais do 16° Batalhão de Polícia Militar (BPM), lotado em Guarapuava, na região central do estado. A investigação acontece por conta de mensagens enviadas em um grupo de whatsapp da corporação. Segundo o relato, o teor dos comentários foi desrespeitoso contra agentes de hierarquia superior.

De acordo com um documento enviado por um capitão ao comandante do 16° BPM, policiais reagiram com mensagens desrespeitosas após a confirmação da morte do cabo Ricieri, no dia 23 de abril. O agente morreu após ser atingido durante um ataque à cidade de Guarapuava, na noite do dia 17 de abril.

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Cabo morreu após ser baleado durante um ataque a Guarapuava (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

O cabo foi encaminhado a um hospital e passou por cirurgias. No dia 23 de abril, o óbito foi confirmado e a notícia causou revolta entre os colegas de corporação. Veja algumas mensagens encaminhadas no grupo de trabalho dos agentes do 16º BPM:

  • “Quem fala que existiu PLANO DE CONTINGÊNCIA que carregue essa cruz e se explique para família dele”, comentou um policial.
  • “Povo, acho que o senhor comandante da Cia já entendeu que respeitamos ele e outros apenas pela hierarquia e não pelas atitudes”, destacou outro agente.
  • “Poderia ter sido qualquer um de nós, infelizmente foi o cabo. Mas uma coisa é certa, quem falou essa frase jamais seria, porque toda noite tá no conforto do seu lar se utilizando dos nossos trabalhos para se promover”, escreveu outro policial, fazendo referência ao comandante da corporação.
  • “A gente perdeu, não por eles fugirem ou por ninguém ter sido preso ou morto. Mas porque um irmão nosso pareceu pela má gestão do nosso batalhão”, comentou outro servidor.
  • “A única preocupação do ex-comandante era intervir pelos seus amigos em ocorrências e multas […] Somos apenas mais um, apenas um número. Você morre e amanhã a única importância é o teu lugar estar ocupado por alguém… Não se tem empatia alguma”, acusou outro militar.
  • “Agora a sociedade está sabendo o que está acontecendo, não adianta transferir os PMs pra dar um ‘cala boca’ na tropa”, supôs outro militar.
  • “Tenho saudade de quando eu estava na faculdade. Lá eu erguia a mão e opinava no parecer de um doutor. Aqui tenho alguém não habilitado para me chamar a atenção como dirijo. Aqui tenho um alguém que não usa arma, mas ensina abordagem e o pior ‘vidente’ dizendo onde devo estar parado pra combater o crime, independente do dia”, desabafou outro agente.

Com a denúncia das mensagens, o IPM pode resultar em crime militar e até na dispensa dos envolvidos. Conforme destacou a PMPR, mesmo que para a população a investigação possa parecer “absurda”, a categoria possui uma legislação peculiar.