Condutor que atropelou motociclista que morreu no hospital se apresenta na delegacia

por Ana Clara Marçal
com informações de Rafael Machado, da RIC Record TV
Publicado em 8 set 2021, às 15h10. Atualizado às 15h11.

O motorista de 55 anos que dirigia a caminhonete que atropelou Alisson Gomes da Silva e seu amigo, no dia 29 de agosto, se apresentou na Delegacia de Trânsito de Londrina, no norte do Paraná, nesta quarta-feira (8). Ele estava acompanhado do seu advogado e foi liberado após prestar depoimento.

De acordo com Luiz Carlos de Souza, advogado de defesa, seu cliente permaneceu no local do acidente até a chegada de uma ambulância do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) e, na sequência, foi trabalhar.

“Ele realmente informou que permaneceu no local e, depois, devido à situação da gravidade do acidente e com medo de represália, ele se ausentou do local, foi fazer as entregas, ele é trabalhador rural, e, já no dia seguinte, na segunda-feira, ele compareceu à essa delegacia de trânsito para fazer a declaração dele. Só que, no entanto, ele não tinha documentos, na realidade, o nome da rua e alguns dados. Aí ele ficou de retornar posteriormente”,

comenta o advogado de defesa, Luiz Carlos de Souza.

Em depoimento, o condutor declarou ainda que os motociclistas transitavam pela contramão no momento do acidente.

“Ele estava indo pela marginal, rua Dicesar Plaisant Filho e essa via é mão única para quem vem da usina ela é mão única e infelizmente o motociclista trafegava pela contramão de direção […] pela cinemática lá foi realmente isso que aconteceu, ele vinha sentido bairro centro e a motocicleta ia pela contramão, sentido centro bairro. E é realmente uma infelicidade, uma fatalidade a perda da vida do jovem que veio a óbito”,

explica o advogado.

A família de Alisson também compareceu à delegacia para prestar depoimento. Indignadas, mãe e tia afirmam que o motorista não ficou no local para prestar socorro e que a via por onde os jovens transitavam não era sinalizada.

“Isso foi uma mentira. Ele não ficou lá para socorrer, ele nem sequer ligou para a ambulância, para lugar nenhum, e a rua lá não é sinalizada. É muita mentira […] esse senhor nem sequer ficou lá para socorrer meu filho, nem um minuto ele ficou lá. Ele bateu e foi embora […] é muito revoltante, eu tô sufocada, tô com o estômago embrulhado de tanto nojo, tanta mentira”,

lamenta a mãe de Alisson, Rosa Gomes da Silva.

Entenda o caso

Alisson Gomes da Silva e o amigo Edycarlos saíram de moto, na noite do dia 29 de agosto, para comprar pão. Enquanto transitavam pela rodovia João Alves da Rocha Loures, no trecho próximo à Penitenciária Estadual de Londrina, foram atropelados por uma caminhonete.

O amigo de Alisson foi levado à Santa Casa de Londrina e teve alta. Já Alisson, após passar quase 10 dias internado em estado grave, no Hospital Universitária da Universidade Estadual de Londrina (HU-UEL), morreu no último domingo (5).

O depoimento do motorista durou cerca de 40 minutos. Depois de prestar os esclarecimentos, ele foi liberado da delegacia. O outro rapaz, que estava na moto junto de Alisson no momento do acidente, deve depor ainda nesta semana, assim como outras testemunhas.

Dependendo do decorrer da investigação, o motorista pode responder pelo crime de omissão de socorro.