Entre os depoimentos colhidos, testemunhas contaram que a advogada morta no Paraná era chamada por apelidos humilhantes, tinha medo do marido e já teve roupas rasgadas por ciúmes
Conteúdos de depoimentos, anexados ao processo de acusação de Luis Felipe Manvailer nesta terça-feira (7) pelo Ministério Público, sobre o caso da advogada morta no Paraná, Tatiane Spitzner, de 29 anos, são estarrecedores e narram cenas da vida da jovem que já davam indício de que a história de ambos poderia ter um desfecho trágico. Entre as situações, está a destruição de peças de roupas, apelidos humilhantes e até a proibição de contratar alguém para ajudar nos serviços domésticos.
Os vários testemunhos, aos quais a RICTV Curitiba teve acesso, foram usados para embasar a denúncia do MP/PR feita à Justiça nesta segunda-feira (6).
Luis Felipe Manvailer, de 32 anos, é acusado pelos crimes de homicídio qualificado com quatro agravantes – por ser cometido por motivo fútil, por dificultar a defesa da vítima que era mais fraca, por ser um crime contra a mulher e por caracterizar violência doméstica e familiar -, além dos crimes de fraude processual porque removeu o corpo da esposa depois de morta e limpou o sangue do elevador e cárcere privado, por impedir que Tatiane se afastasse dele durante a briga.
Em nota, a defesa do acusado, informa que o processo apuratório não se encontra efetivamente concluído e qualquer um que emita um posicionamento estará tratando de hipóteses especulativas. Luis Felipe nega que tenha jogado a esposa do quarto andar.
Manvailer rasga roupa de Tatiane
De acordo com um dos depoimentos, Tatiane já havia relatado que o marido estava tomando anabolizantes e que demostrava certa agressividade após o início da medicação. O mesmo testemunho também afirma que durante a época em que o casal morava na Alemanha ocorreu um episódio em que Luis rasgou uma roupa da esposa, depois que mexeram com ela na rua.
Essa pessoa também presenciou o início do desentendimento sobre as mensagens no celular de Luis, na noite do dia 21 de julho. Situação que ocasionou na discussão posterior e na morte de Tatiane já na madrugada do dia 22 de julho.
Marido trancou esposa no apartamento
Outro depoimento fala sobre a relação dos dois e sobre o período que o casal viveu na Alemanha, entre 2013 e 2016, como eles costumavam se desentender e que o acusado ficava sem falar com a vítima por dias. Sobre as redes sociais e mensagens de celular a declarante conta que o casal costumava brigar muito por causa das redes sociais do marido, e que após Tatiane cogitar a separação, Luis apagou suas contas e ambos planejaram uma viagem na tentativa de reatar o clima de romance. Porém, antes mesmo de viajar o acusado reativou todos os seus perfis. Mesmo assim, os dois saíram da cidade e retornaram no dia 21 de julho de 2018. No entanto, a parte que mais chama atenção, é sobre a noite da morte da Tatiane, quando ela demorou para ficar pronta e o marido trancou a vítima no apartamento.
Já outra testemunha comenta que Tatiane já havia reclamado que o marido era grosseiro e possessivo e que, inclusive, quando ela falou com ele sobre a separação, sua atitude foi chutar uma garrafa que estava em sua frente. “Que a declarante claramente vê que era um relacionamento abusivo; Que acredita que Tatiane não chegou a se separar de Luiz Felipe, para maquiar o relacionamento e por pressão da sociedade”, consta do depoimento.
Marcas nos braços e roupas longas
No testemunho do pai de Tatiane, Jorge Spitzner, ele lembra que na época em que o casal viveu na Alemanha, uma colega de trabalho de Tatiene percebeu marcas no braço da jovem e que ela usava roupas longas mesmo em dias quentes, possivelmente para escondê-las.
Humilhações e medo
A vítima também teria relatado à declarante como ele a diminuía, humilhava, inventava apelidos vexatórios e, muitas vezes, dizia ter nojo e ódio dela. Ainda segundo o testemunho, Tatiane encontrou inúmeras vezes mensagens de mulheres no celular do marido, mas a informação de que Luis teria um caso extraconjugal é desconhecida pela testemunha. Para finalizar o depoimento, a testemunha conta que Luis Felipe havia proibido Tatiane de contratar alguém para ajudá-la nas tarefas domésticas ao mesmo tempo que eu não ajudava e a obrigava a fazer todos os trabalhos sozinha.
Imagens das câmeras de segurança
Câmeras de segurança do prédio onde o casal morava registraram o momento em que o os dois chegam no edifício. Nas imagens é possível ver que Luis Felipe agride a mulher dentro do carro ainda na rua e que, na sequência, os agressões continuam na garagem e no elevador. Também fica nítido quando a advogada corre do marido no estacionamento e depois tenta fugir dele em direção ao elevador.
As câmeras também filmaram a queda de Tatiane, Manvailer subindo com a esposa – já morta – pelo elevador, ele limpando os rastros de sangue e o momento em que sai com o veículo da jovem.
Ferimento no osso hioide da advogada
Segundo laudo do Ministério Público (MP-PR), feito pelo Instituto de Criminalística, a advogada apresentava um ferimento no osso hioide, típico de quando ocorre asfixia ou estrangulamento na vítima. No documento se lê: “estigmas ungueais nas regiões laterais do pescoço, característica de esganadura, além de “fratura, de percepção palpável, do osso hióide.
Entenda a morte da advogada no Paraná
O casal estava em uma casa noturna, na madrugada do dia 22 de julho, quando a jovem pediu para ver o celular do marido. Com a negativa de Luis, uma discussão teria iniciado e se agravado após a chegada dos dois no apartamento onde viviam. “Ele disse que estava junto com a esposa comemorando o aniversário em um lounge lá da cidade de Guarapuava quando de repente a esposa dele pediu para dar uma olhada no celular dele. Ele se negou a que ela examinasse o celular e daí começou a discussão que se acalorou quando eles já estavam em casa”, disse o delegado Francisco Sampaio, da Polícia Civil de São Miguel do Iguaçu.
Na sequência, segundo o depoimento do marido, ela foi para a sacada e se jogou do quarto andar. “Lá ela tentou sair correndo, avançou sobre ele, ele foi de acordo com ele, ele somente segurou ela sem fazer força, ela se desvencilhou dele e teria rumado para a sacada, quando sem mais nem menos, de acordo com a versão dele, ela teria se jogado”, contou o delegado.
Uma testemunha contou à equipe da RICTV Curitiba|Record PR que presenciou partes do acontecimento. “De onde eu estava de cima, não dava para ver o corpo dela, porque ela caiu do lado do meu carro. Nisso, eu vi que o Luis Felipe saiu chorando de lá.. não sei o que ele foi fazer. Eu desci correndo e foi aí que eu chamei o bombeiro. O bombeiro não atendeu e, aí, eu falei para ele: ‘deixa aí que eu to chamando o bombeiro’. Ele me olhou e disse: “Não adianta, ela já está morta”, contou uma testemunha à equipe de reportagem da equipe da RICTV Curitiba |Record PR.
Assista ao vídeo sobre o caso de Tatiane Spitzner:
O RIC Notícias falou sobre o assunto.
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