MP investiga contraventor do "jogo do bicho" como suspeito do assassinato de Marielle
Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) – O contraventor Rogério Andrade, ligado ao esquema irregular de apostas conhecido como “jogo do bicho”, passou a ser investigado como possível mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018, informou nesta terça-feira (10) o Ministério Público do Rio de Janeiro.
A proximidade entre o contraventor e o policial militar aposentado Ronnie Lessa, que está preso desde 2019 acusado de executar Marielle, foi o ponto de partida para a investigação, segundo o MP.
Lessa era segurança de Andrade e posteriormente se tornou sócio dele em negócios ilegais. Os dois foram alvos de uma grande operação da polícia e do MP, nesta terça-feira, que mirou uma quadrilha que explora jogos de aposta e bingos clandestinos no Rio e em Estados do Nordeste e do Sul do país.
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Ao menos 14 pessoas foram presas, entre elas dois delegados de polícia. Na casa de uma delegada foram apreendidos mais de 1,7 milhão de reais em espécie.
Andrade e o filho dele, acusados de serem os cabeças do esquema, não foram encontrados e estão foragidos, segundo o MP.
“Há um vínculo histórico entre ele (Andrade) e o executor (Lessa). Rogério Andrade é um suspeito óbvio“,
afirmou o promotor Diogo Erthal em entrevista a jornalistas.
“Também há outras linhas sendo investigadas, mas essa é uma das linhas mais fortes… e não há elementos para descartar essas possibilidade “, acrescentou.
Segundo o MP, Lessa e Andrade mantiveram contato permanente após a morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes em um atentado a tiros em março de 2018. Além de Lessa, a polícia também prendeu o ex-policial militar Élcio de Queiroz por suspeita de envolvimento no assassinato.
O MP obteve, após a quebra de sigilos, conversas entre o PM aposentado e o contraventor. Ambos tinham planos para abrir casas de apostas e bingos clandestinos em bairros da zona oeste da cidade, mesma região de atuação e militância da então vereadora do PSOL.
“O que chama atenção é a proximidade entre os fatos (morte de Marielle e negócios de jogos de aposta). Há um vínculo de confiança muito grande entre eles num momento concomitante ao crime”,
acrescentou o promotor.
O advogado Ary Bergher, que defende Andrade, disse que a hipótese levantada pelo o MP “chega a ser ridícula”.
“Infelizmente, em vez de criar factoides, já deveriam os responsáveis, depois de tantos anos, terem apresentado os mandantes dessa brutalidade”, afirmou.