Chacina no PR: veja passo a passo o crime do PM que matou mãe, mulher, filhos e irmãos
O policial militar Fabiano Junior Garcia, de 37 anos, matou oito pessoas nas cidades de Toledo e Céu Azul, no Oeste do Paraná, durante a noite de quinta-feira (14) e a madrugada de sexta-feira (15). Entre as vítimas da chacina estão os três filhos, a esposa, a mãe e o irmão do policial. Em seguida ao crime, Fabiano cometeu suicídio.
Entenda a cronologia da chacina
O agente policial era lotado no 19° Batalhão da Polícia Militar (BPM), na cidade de Toledo. Na quinta-feira (14), ele teria trabalhado normalmente até às 19h, horário em que iniciou a chacina.
Por volta das 23h, Fabiano entrou em contato com o cunhado e contou que tinha assassinado a esposa, Kassiele Moreira, de 30 anos, e a filha do primeiro relacionamento, uma adolescente de 12 anos. A polícia foi até o local e localizou os corpos.
Em seguida, ele foi até a casa da mãe, próxima ao Centro de Toledo, e matou a genitora a facadas. No local, ele também matou o irmão de 50 anos, com um disparo de arma de fogo.
Saindo dali, ele foi na casa dos avós maternos em Céu Azul, que fica a aproximadamente 60 quilômetros de Toledo, onde matou uma filha de oito anos e o filho de quatro anos. Os dois filhos passavam as férias em uma chácara na cidade.
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Retorno para Toledo
O policial, então, voltou para Toledo e começou a andar pelo Centro da cidade. As equipes da PM tentaram localizá-lo mas, durante as buscas, ele encontrou dois homens, de 16 e 19 anos, e disparou contra ambos, que morreram no local.
A arma utilizada na chacina é da PMPR.
Áudio para a família após a chacina
Antes de cometer suicídio, o policial militar gravou um áudio para família, dizendo que não aceitava o fim do relacionamento com a esposa. Ele citou que a mulher já não estava mais suportando o jeito que ele lidava com ela e ainda citou problemas como depressão e o vício em algum jogo.
“Ele gravou um áudio para família informando sobre uma separação que ele não estava aceitando. Nós acreditamos que seja esse o motivo de toda essa tragédia”,
explicou o Comandante Geral da PMPR ,Hudson Leôncio Teixeira.
Confira o que Fabiano disse no áudio:
“Família me desculpa, me desculpa. Mas eu não ia conseguir viver sem a Kassiele. Ela já não estava mais suportando o jeito que eu lidava com ela, não estava mais suportando se eu ia dar atenção pra ela ou não, e ela deixou a entender que ela não fazia questão de continuar comigo. Então, se é assim, como eu me dediquei toda a minha vida por ela e eu, dediquei de todo coração mesmo, eu desisti de pensar em qualquer outra pessoa, de pensar em pular a cerca, pra poder dar atenção, dar valor pra ela. Eu entrei em um momento de depressão, entrei nesse maldito jogo, para mim como uma válvula de escape para a depressão e me distanciei dela. E ela se acostumou com isso. E daí agora ela disse que tanto faz, então se ela tanto faz, ela não quis mais ficar comigo, ela disse que provavelmente iria separar, não iria ficar comigo do jeito que eu sou, eu sou com as coisas do meu jeito, então se é assim, eu já estava querendo fazer isso mesmo, porque eu já não consigo conviver com a situação da minha mãe. Eu vivo financeiramente ‘f*’, alguém iria ter que arcar com as despesas de tudo lá. Então pra não deixar peso pra ninguém, eu fiz isso”,
relatou Fabiano.
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Vítimas da chacina foram identificadas
Todas as vítimas da chacina foram identificadas nesta sexta (15). Veja quem são:
- Kassiele Moreira Mendes Garcia, esposa, de 28 anos
- Miguel Augusto da Silva Garcia, filho, de 4 anos
- Kamili Rafaela da Silva Garcia, filha, de 8 anos
- Amanda Mendes Garcia, filha, de 12 anos
- Irene Garcia, mãe, de 78 anos
- Claudiomiro Garcia, irmão, de 50 anos
- Kaio Felipe Siqueira da Silva, desconhecido do PM, 17 anos
- Luiz Carlos Becker, desconhecido do PM, 19 anos
Câmera de segurança flagra assassinato de uma das vítimas
Foram divulgadas imagens de uma câmera de segurança, instalada em uma casa, que registrou o assassinato de Kaio Felipe Siqueira da Silva, 17 anos, uma das oito vítimas do policial. Na gravação, é possível ver Kaio caminhando pela rua, quando é abordado pelo policial que está dentro de um Vectra.
Ao se aproximar, o jovem é surpreendido por um tiro na cabeça. Com o automóvel, Fabiano passa por cima do corpo da vítima e deixa o local.
Neste momento, o policial já havia matado os outros familiares, no entanto não é possível saber se já havia assassinado Luiz Carlos Becker, o outro pedestre, que era desconhecido do militar. Equipe da Polícia Militar tentaram interceptar Fabiano, mas ele parou o carro na esquina da casa dele e tirou a própria vida.
Os corpos das seis vítimas de Toledo e de Fabiano foram encaminhadas ao Instituto Médico Legal da cidade. Já as crianças assassinadas em Céu Azul, foram para o IML de Cascavel.
Nota da Polícia Militar
Em nota divulgada nesta sexta (15), a Polícia Militar do Paraná (PMPR) informou que o agente não tinha histórico de problemas psicológicos e trabalhava como motorista do Coordenador do Policiamento da Unidade.
Confira nota da PM:
A Polícia Militar está consternada e lamenta profundamente o ocorrido nas cidades de Toledo-PR e Céu Azul-PR.
O policial militar que prestava serviços no 19º Batalhão em Toledo não tinha histórico que pudesse indicar problemas psicológicos e atuava como motorista do Coordenador do Policiamento da Unidade. Desde dezembro de 2020 a região conta com o apoio do programa PRUMOS, que disponibiliza atendimento psicológico e social aos militares e dependentes, com profissionais contratados para atuar nas Organizações Policiais Militares.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública também emitiu uma nota sobre a ocorrência:
A Secretaria da Segurança Pública lamenta o caso ocorrido em Toledo e Céu Azul e informa que as Polícias Civil, Militar e Científica não medirão esforços para apurar a motivação dos fatos. Foi instaurado inquérito policial nas delegacias de ambas as cidades (Toledo e Céu Azul). Perícias foram realizadas nos locais e equipes de investigação seguem na coleta de informações e realizam diligências para concluir o caso.
Segundo a Polícia Militar, o policial, que prestava serviços no 19º Batalhão, em Toledo, não tinha histórico que pudesse indicar problemas psicológicos. A Secretaria ressalta ainda que conta com o Programa de Atenção Psicossocial (PRUMOS), implantado em todo o Estado, desde 2020, para oferecer atendimento psicossocial a servidores e familiares. Neste caso, as equipes do PRUMOS de Foz do Iguaçu e Toledo já estão atuando no suporte à família das vítimas. Além disso, uma equipe da capital também irá para a região para fornecer todo o apoio necessário.