10 pedreiros são 'suspeitos' de invadir e demolir prédio histórico em Curitiba

por Redação RIC.com.br
com informações de Rapahel Augustus, da RICtv
Publicado em 31 mar 2022, às 19h56.

Um grupo de 10 pedreiros está passadno por uma situação inusitada e complicada. Eles alegam que foram contratados por uma construtora, para reformarem um prédio histórico no Centro de Curitiba. Mas além da construtora não ter pago os trabalhadores, um casal chegou ao local com a Polícia Militar (PM), na última segunda-feira (28), acusando os pedreiros de invasão e demolição do prédio, o que é proibido pela condição história do imóvel. Logo os pedreiros entenderam que caíram num golpe.

Conforme apurou a reportagem da RICtv, o grupo de trabalhadores chegou até o emprego através de anúncios diversos. Um deles foi Edilson Félix, que achou a oportunidade numa plataforma de emprego na internet. Eles passaram pela entrevista e foram contratados pela construtora e incorporadora LFCS para trabalhar na reforma do imóvel, que fica na Rua 13 de Maio, esquina com a Barão do Cerro Azul.

Chegaram a receber uniformes, algumas ferramentas e uma lista de documentos que deveriam providenciar para a contratação. Recolheram até os números da chave PIX dos trabalhadores, para realizarem o pagamento pelos serviços prestados.

Por ordem da construtora, os trabalhadores já tinham demolido quase toda a parte de madeira do prédio, o que lotou 10 caçambas de obra. O prédio, porém, é uma unidade de preservação e precisa de autorização para a realização de qualquer intervenção. Eles não sabiam disso até que o casal chegou ao local, intitulando-se proprietário do imóvel e acusando os pedreiros de invasão e demolição.

Os trabalhadores não estavam entendendo o que estava acontecendo. Até que depois de muita conversa, pedreiros e proprietários compreenderam que todos eram vítimas de uma possível fraude.

A ver navios

Depois de toda a confusão, os pedreiros – muitos deles em dificuldade financeira – ainda levaram o calote. Todos os 10 estavam desempregados, entre eles, o Yuri, que veio de Cuba, está há um ano e meio em Curitiba e estava há oito meses sem emprego.

“O combinado era a gente trabalhava uma semana, que era a semana de teste, mas depois dessa semana ele nos registrava na segunda-feira. Até agora não compareceu, não pagou nada pra gente. Ele pegou a chave do PIX de todo mundo, mas não mandou dinheiro para ninguém”,

contou o pedreiro Edilson.

O trabalhador ainda relatou que não sabia que o prédio era “tombado” e que não era do suposto patrão. “Eles (o casal) chegaram e expulsaram a gente, como se fossemos invasores”, disse Edilson.

De acordo com Edilson, o patrão não compareceu para falar a versão dele. “Nos abandonou aqui e disse que estava no Rio de Janeiro sendo que ele falava pra gente ‘daqui a pouco estou aí‘”, contou.

Segundo os pedreiros, durante o tempo de trabalho foi fornecido apenas alimentação. “Só deu a alimentação, ficou faltando equipamentos de trabalho, mas continuamos trabalhando e ele não pegou até agora”, confirmou o pedreiro Edemilson Cruz.

“A gente trabalha porque a gente precisa. Se ele precisa do funcionário, a gente precisa do patrão, mas ele tem que pagar a gente”,

desabafa Edilson.

Os trabalhadores se reuniram para contratar um advogado e registrar boletim de ocorrência na delegacia.

“A suspeita é que houve alguma fraude em algum momento dessa contratação e nós estamos aqui para formalizar o boletim de ocorrência e pedir uma investigação em cima desse caso, porque os trabalhadores não iam adentrar em um prédio para demolição sem uma ordem superior, que é o que aconteceu”,

disse o advogado Diego Sakakibara, que representa os pedreiros.

O que diz a construtora

A equipe RICtv entrou em contato com o responsável pela contratação dos trabalhadores na construtora LFCS. O rapaz disse que o pagamento já havia sido realizado.

“Foi feito um contrato de compra e venda, o contrato foi tudo certo. Infelizmente, um dos ex herdeiros tem alguns problemas com bipolaridade ou algo do tipo e surtou por uma das parcelas não terem entrado e quis tomar uma atitude totalmente desproporcional da realidade”,

disse um remposnável pela construtora, referindo-se a um dos herdeiros do imóvel, que o venderam à construtora.

O rapaz ainda disse que o trabalho dos 10 pedreiros era só fazer a limpeza do prédio. “A função deles era apenas limpar o local, mais nada. Não tinha nada que quebrar até mesmo porque o projeto está em tramitação, então não tem lógica”, disse o rapaz, acusando os pedreiros de não terem entendido a ordem dada e de terem demolido o prédio sem autorização.