Vacinação de crianças contra Covid-19 não é consensual, diz Queiroga
BRASÍLIA (Reuters) – O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta sexta-feira (17) que não é consensual a vacinação contra Covid-19 em crianças, e destacou que a pasta quer discutir o assunto de maneira aprofundada, um dia após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter autorizado a aplicação da vacina da Pfizer no público de 5 a 11 anos.
Mesmo com aval da Anvisa, cabe ao governo federal fazer a compra das vacinas pediátricas contra Covid e decidir sobre sua inclusão no Programa Nacional de Imunização (PNI). Segundo Queiroga, essa questão será analisada pela área técnica e o ministro é a última instância do ministério.
“As análises do ministério, nós também vamos passar para vocês um cronograma, para a sociedade brasileira, todos os ´steps´, todos os degraus”, disse.
“Nós queremos discutir esse assunto de maneira aprofundada, porque isso não é um assunto consensual. Há aqueles que defendem, há os que defendem de maneira entusiástica, há os que são contra, então a gente tem que discutir”, acrescentou, em entrevista na porta do ministério.
Queiroga afirmou ainda que vai ouvir outros órgãos, como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para que as decisões sejam tomadas de “maneira sólida e a sociedade possa confiar nas autoridades sanitárias”.
O sinal dado por Queiroga é de que uma eventual aquisição, se ocorrer, ficará para o próximo ano.
Na noite de quinta, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que havia pedido os nomes dos integrantes da Anvisa que aprovaram a indicação da vacina contra a Covid-19 da Pfizer para crianças para que sejam divulgados.
O presidente, que questiona a efetividade dos imunizantes, afirma que ainda não se vacinou contra a Covid e critica a obrigatoriedade da imunização e o chamado passaporte da vacina.
“Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos”, disse o presidente na tradicional transmissão ao vivo nas redes sociais que faz às quintas-feiras.
Após a aprovação da vacina pediátrica da Pfizer, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, criticou o que chama de “violência antivacina” crescente e os ataques que o órgão vem sofrendo. Torres destacou que a pandemia não acabou, mas trabalha para evitar que no país ocorra cenas de superlotação de hospitais como vem ocorrendo na Europa em razão da variante Ômicron.
O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, manifestou apoio à decisão da Anvisa e destacou que o imunizante já foi aprovado para essa faixa etária pela agência europeia EMA e pela agência norte-americana FDA, entre diversos outros países.
“É importante destacar o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta que o público entre 05 e 14 anos é o mais afetado pela nova onda de Covid-19 na Europa e, apesar do menor risco em relação a outras faixas etárias, nenhuma outra doença imunoprevenível causou tantos óbitos em crianças e adolescentes no Brasil em 2021 como a Covid-19. A pandemia ainda não acabou e a completa vacinação de toda a população brasileira é urgente”, disse, em nota.
Por Ricardo Brito