Secretários estaduais rejeitam pedir prescrição para vacinar crianças contra Covid

Publicado em 24 dez 2021, às 12h18. Atualizado às 12h53.

SÃO PAULO (Reuters) – O Conselho Nacional de Secretários de Saúde dos Estados (Conass) afirmou em nota nesta sexta-feira (24) que não exigirá a apresentação de uma prescrição médica para vacinar crianças contra a Covid-19, depois que, na véspera, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a imunização das crianças estaria vinculada à apresentação do documento.

Em carta endereçada às crianças nesta véspera de Natal, o presidente do Conass, Carlos Lula, criticou aqueles que querem dificultar a vacinação das crianças e alertou que os Estados, responsáveis pela aplicação das vacinas, não pedirá prescrição médica.

“Infelizmente há quem ache natural perder a vida de vocês, pequeninos, para o coronavírus. Mas com o Zé Gotinha já vencemos a poliomielite, o sarampo e mais de 20 doenças imunopreveníveis. Por isso, no lugar de dificultar, a gente procura facilitar a vacinação de todos os brasileirinhos”, afirma a carta do presidente do Conass.

“E é esse recado que queremos dar no dia de hoje, véspera de Natal: quando iniciarmos a vacinação de nossas crianças, avisem aos papais e às mamães: não será necessário nenhum documento de médico recomendando que tomem a vacina. A ciência vencerá. A fraternidade vencerá. A medicina vencerá e vocês estarão protegidos.”

Na quinta-feira, diante de pressões de sociedades médicas e científicas pelo início da vacinação de crianças contra Covid-19, após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar a aplicação da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos de idade, Queiroga afirmou a jornalistas que o número de crianças mortas pela Covid-19 durante a pandemia no Brasil não justificava uma pressa para iniciar a campanha de imunização nesta faixa etária.

O ministro também disse nesta semana que as sociedades científicas não pautam as políticas adotadas pelo ministério.

A pasta abriu uma consulta pública sobre a vacinação de crianças contra a Covid –o que é incomum, pois cabe legalmente à Anvisa atestar a segurança e eficácia de vacinas– e espera tomar uma decisão sobre o assunto em 5 de janeiro. O uso pediátrico da vacina da Pfizer foi aprovado pela Anvisa em 16 de dezembro.

O presidente Jair Bolsonaro questiona frequentemente, e sem base científica, a eficácia das vacinas no combate à pandemia de Covid-19. Quando da aprovação da vacina da Pfizer para crianças pela Anvisa, o presidente disse em sua live semanal que pediria os nomes dos responsáveis pela decisão para divulgá-los. Após isso, cresceu o número de ameaças, inclusive de morte, contra servidores da agência.

Por Eduardo Simões