Secretário da Saúde avalia que Paraná pode ter 30 mil casos de coronavírus no pico da epidemia
Se engana quem pensa que a pandemia do novo coronavírus não é grave. Na tarde desta terça-feira (24), o secretário estadual de saúde, Beto Preto, previu que o Paraná deve ter aproximadamente 10 mil casos do covid-19 quando chegar ao pico da pandemia. Porém, ele disse que o Paraná está se preparando para o pior: esse número pode chegar a 30 mil infectados.
A afirmação veio durante a sessão da Assembleia Legislativa que tinha como objetivo explicar aos deputados os efeitos e também as medidas que estão sendo tomadas pelo Paraná para conter o novo coronavírus. Com a sessão, o decreto de calamidade pública no Estado foi aprovado e vale até o dia 31 de dezembro.
Segundo o secretário, por ora foram destinados 200 leitos de UTI. “Contamos com estes leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) a mais para o caso da epidemia chegar a 40 dias. Se a situação ultrapassar esse período, temos condição de contratar até 600 novos leitos”, afirmou Beto Preto.
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Casos leves
Apesar de os números assustarem, o secretário da saúde estadual explicou que, dos 10 a 20 mil casos previstos para o Paraná, segundo estudos do Ministério da Saúde, 85% devem ser leves. Pelo menos dois terços dos 15% dos casos restantes vão precisar de tratamento em enfermaria e apenas um terço de internamentos. “Sãos esses 15% que nos preocupam e o nosso esforço é para atendê-los da melhor forma, evitando os casos de mortalidade entre os grupos de risco”.
Como se trata de uma situação em que o vírus se espalha muito rapidamente, o secretário explicou aos deputados que não dá para trabalhar com números exatos. Apesar disso, mostrou que o Estado tem três planos diferentes em caso de uma crise aguda.
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Segundo Beto Preto, são 200 novos leitos de UTIs e 300 de enfermaria em um primeiro momento. Caso a situação complique mais, num segundo estágio, são 350 leitos de UTIs e outros 500 leitos de enfermaria. Se piorar, no caso de um pico muito mais alto, podemos chegar aos 600 leitos de UTIs mapeados e contratados da rede de hospitais privados, filantrópicos e próprios exclusivamente para o enfrentamento ao novo coronovírus.
Estamos no começo
Ainda conforme o secretário, o Paraná ainda está no começo da curva de crescimento da pandemia. “Eu acho que nós ainda estamos longe de alcançar o pico. O ministro (da Saúde, Luiz Henrique) Mandetta esta semana falou em 15 de abril. Eu acho que nós no Paraná, se conseguirmos passar esse pico um pouco mais para frente, e não deixar ele muito agudo, e trabalhar para o achatamento dessa curva é cabível que nós possamos passar por um período de menor dificuldade, menor perda de vidas humanas do que outros estados”, disse. “Mas ainda estamos no início do processo. É a ascensão da curva ainda. Epidemiologicamente falando ela ainda vai ter muito para crescer. Na verdade a curva está aumentando”, apontou.
Beto Preto explicou que o combate à doença acontece primeiro com o rastreio epidemiológico e depois com o atendimento. É por isso que as autoridades têm observado o que vem acontecendo na Ásia e na Europa. “O paranaense tem seguido as orientações de prevenção passadas pelo Estado, como a interrupção de atividades e o isolamento domiciliar”, avaliou.
Melhor índice
Segundo o boletim divulgado nesta terça-feira, o Paraná tem 2500 casos notificados, 1844 suspeitos e 70 confirmados. Segundo o secretário, o Estado está comprando 100 mil testes da Fundação Oswaldo Cruz, além dos que são produzidos no Paraná.
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O secretário lembra que “apesar dos números crescerem a cada dia, o Paraná registra um percentual de 0,39% de casos por 100 mil habitantes. O menor índice da região Sul”. A secretaria espera a normalização do sistema do Ministério da Saúde para validar cerca de 600 casos negativos, que já foram diagnosticados e descartados pelo Laboratório Central do Estado (Lacen).