Quando será o pico do coronavírus no Brasil? Veja o que diz Átila Iamarino

Publicado em 5 maio 2020, às 00h00.

Uma das perguntas que todos os brasileiros têm feito nos últimos meses sobre a pandemia que enfrentamos é Quando será o pico do coronavírus no Brasil?. No entanto, essa é uma resposta que nem mesmo especialistas no assunto possuem. (Veja vídeo abaixo)

O ministro da Saúde, Nelson Teich, declarou no dia 29 de abril que não sabe quando será o pico de casos do novo coronavírus no país

“Quando é que vai ser pico? Não sei e ninguém sabe. Não sou eu que não sei, ninguém sabe. Um dos grandes problemas de se definir uma data é que aquela sugestão se transforma em promessa de um dado real. Quando aquilo não acontece, todo mundo começa a se perguntar se a gente não está fazendo algo errado apenas porque não deu certo a data”, disse em resposta aos senadores durante uma sessão remota do Plenário do Senado Federal. 

Ainda conforme Teich, a possibilidade de uma segunda onda da doença é “real” já que existe muita incerteza sobre os dados sobre a Covid-19 coletados até o momento. 

Mas não existe nenhuma previsão de quando será o pico do coronavírus no Brasil?

O pesquisador Átila Iamarino, uma das principais vozes científicas brasileiras quando se fala na pandemia do novo coronavírus, explica que é praticamente impossível prever exatamente quando será o pico do coronavírus no Brasil porque isso depende de vários fatores. Entre eles, a eficácia das medidas de distanciamento social e até da coleta de dados certeiros sobre o número de mortos e infectado no país. O que não é o caso do Brasil, já que inúmeros estudos apontam – e até o Ministério da Saúde reconhece – uma enorme subnotificação sobre o coronavírus no território brasileiro.

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Quando será o pico do coronavírus no Brasil? Ninguém tem a resposta exata. (Foto: Eduardo Matysiak)

Apesar de não ter uma data específica para responder a questão ‘Quando será o pico do coronavírus no Brasil”, Átila Iamarino apontou, na noite deste domingo (4), um possível agravamento da pandemia no país nos próximos meses. Segundo ele, o aumento de casos e óbitos será consequência do relaxamento das pessoas em relação ao isolamento social

“Se a gente tivesse continuado seguindo bem a quarentena, tendo todo mundo em casa, com o distanciamento social, com índices de isolamento e imobilidade das pessoas lá pelo 70%, a gente estaria controlando a situação, assim como outros países. […] A nossa tendência atual é de subida, a gente quase conseguiu segurar as coisas aqui, mas retomou uma tendência de crescimento e agora estamos indo com uma tendência na direção do número de mortes dos Estados Unidos”, declarou Iamarino.

Ele ainda completou:

“Óbitos levam de 10 a 15 dias para acontecer, os óbitos que a gente está vendo agora [no Brasil] são o relaxamento das pessoas no meio do mês de abril. Mesmo se agora a gente retomar uma contenção séria, ainda temos vários dias de tendência para cima”, pontua Iamarino. 

Ainda conforme Iamarino, de acordo com a última publicação do Imperial College London, a situação do Brasil não é boa devido ao número de pessoas que cada doente infecta e o prognóstico é de grande crescimento dos casos de coronavírus no Brasil daqui para frente.

“Eles estimaram o crescimento de casos em cada país e o Brasil é o país que está com o pior crescimento de todos. A maioria dos países que estão controlando os casos e fazendo eles caírem são países que estão registrando por volta de uma pessoa infectada por pessoas infectada. […] Países que estão com o crescimento preocupante, são países onde cada pessoa infectada infecta duas outras. No Brasil, cada pessoa doente infecta entre duas e três pessoas, por volta de 2,8. Isso que dizer que a gente voltou a crescer num ritmo que a gente dobra o número de casos a cada cinco dias ou menos daqui para frente”

Iamarino, doutor em microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP) e com passagem pela Universidade de Yale, faz suas projeções baseadas em:

  •  estudos de várias universidades, principalmente, do renomado Imperial College London, da Inglaterra;
  • em números de casos e óbitos por Covid-19 em outros países atingidos pela pandemia;
  • em números casos e óbitos registrados por estados brasileiros.

Assista ao vídeo: 

Átila Iamarino falou sobre o coronavírus no Brasil em seu canal no Youtube.