OMS afirma que não há evidências que pacientes recuperados estão imunes ao coronavírus

por Guilherme Becker
com informações do Estadão Conteúdo
Publicado em 25 abr 2020, às 00h00.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta sexta-feira (24), que ainda não há evidências científicas suficientes para afirmar que pessoas que se recuperaram do novo coronavírus estão imunes à doença.

O comunicado se refere especialmente a governantes que têm defendido a criação de um “passaporte da imunidade” ou “certificado de risco zero” para que ex-pacientes recuperados sejam excluídos de medidas de restrição de mobilidade durante a pandemia da covid-19.

Essa medida já foi citada pelo ministro da Economia Paulo Guedes como forma de retomar atividades não essenciais nos locais que adotaram medidas de isolamento social.

Imunidade contra o coronavírus

A agência lembra que o desenvolvimento da imunidade contra uma doença através de uma infecção natural é um processo de várias etapas, que geralmente ocorre de uma a duas semanas. Ela pondera contudo, que, até 24 de abril, nenhum estudo concluiu que a presença de anticorpos confere imunidade ao novo coronavírus em humanos.

“A OMS continua revisando as evidências da respostas de anticorpos à infecção por SARS-CoV-2 (vírus da covid-19). A maioria desses estudos mostra que as pessoas que se recuperaram da infecção têm anticorpos para o vírus”, diz o comunicado.

“No entanto, algumas dessas pessoas têm níveis muito baixos de anticorpos neutralizantes no sangue, sugerindo que a imunidade celular também pode ser crítica para a recuperação”, completa.

“Testes de laboratório que detectam anticorpos para SARS-CoV-2 em pessoas, incluindo testes rápidos de imunodiagnóstico, precisam de validação adicional para determinar sua precisão e confiabilidade”, pontua a OMS.

A OMS ressalta, ainda, que os testes precisam distinguir o SARS-CoV-2 dos outros seis coronavírus humanos conhecidos (dos quais, quatro causam o resfriado comum e têm ampla circulação mundial, enquanto os outros dois causam a Síndrome Respiratória no Oriente Médio e a Síndrome Respiratória Aguda Grave). “Pessoas infectadas por qualquer um desses vírus podem produzir anticorpos que reagem de maneira cruzada com anticorpos produzidos em resposta à infecção por SARS-CoV-2.”

A organização também afirma apoiar as iniciativas de diversos países de testagem de anticorpos do novo coronavírus na população, por ajudar a entender a extensão da pandemia e os fatores de risco associados à doença, mas faz uma ressalva: “Esses estudos fornecerão dados sobre a porcentagem de pessoas com anticorpos da covid-19 detectáveis, mas a maioria não foi projetada para determinar se essas pessoas são imunes a infecções secundárias.”