H1N1 foi mais rápido do que o novo coronavírus ao se espalhar pelo mundo

por Redação RIC.com.br
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Publicado em 27 abr 2020, às 00h00.

Estudos apontam que quando comparadas as duas pandemias, H1N1 garantiu uma propagação mais rápida do que a Covid-19 que vivenciamos atualmente. A pesquisa que aponta esse dado foi baseada no período dos dois primeiros meses de transmissão das doenças.

A comparação mostra que a gripe A (causada pelo H1N1) atingiu 41,8% mais territórios do que o Sars-CoV-2 no mesmo período de tempo, considerando 24 de abril a 24 de junho de 2019 (H1N1) e 31 de dezembro e 02 de março de 2020 (Sars-CoV-2).

A tabela a seguir indica a relação do número de países com mais de 50 casos e a concentração de países acometidas por ambas doenças. Confira.

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Há 11 anos atrás o surto de H1N1 teve início no interior do México, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 24 de abril de 2009. Passados 60 dias o Brasil já havia registrado 334 casos de gripe A. Já no cenário do Sars-CoV-2, 60 dias após a confirmação da doença na China (31 de dezembro de 2019), no Brasil haviam 2 casos confirmados.

Por outro lado é possível reconhecer que o novo coronavírus afetou mais pessoas neste espaço de tempo. Foram 88.948 casos contra 55.867 da gripe A. Grande parte dos casos de Covid-19 nos primeiros 2 meses foram concentrados na China, onde tudo começou, e em regiões próximas.

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Por que o H1N1 se espalhou mais rápido?

Uma série de fatores contribuiu para que o H1N1 ganhasse velocidade e atingisse mais países em menos tempo do que o novo coronavírus. É preciso considerar as tecnologias disponíveis há 10 anos atrás, que custavam mais e não eram tão avançadas quando comparadas com o que temos atualmente.

Outros aspectos contribuíram para a rápida disseminação da Gripe A. Os cenários políticos, econômicos e também culturais acabaram contribuindo para que o vírus alcançasse uma área geográfica mais extensa. Além do mais cada vírus possui suas próprias particularidades, que influenciam nas formas e velocidade da transmissão.

Não podemos esquecer que ainda no início do contágio de Sars-CoV-2 muitos países já estabeleceram medidas preventivas procurando conter o crescimento exponencial do número de casos da doença. No cenário do H1N1 não foram tomados tantos cuidados, e inclusive as barreiras internacionais não foram estabelecidas como deveriam.

Muito provavelmente isso se deu por que havia uma preocupação mundial com a gripe A, por ser um vírus Influenza. O mundo esperava algo como a gripe espanhola, gripe aviária ou mesmo um H5N1, mas com o tempo foi possível notar que a mortalidade era menor e a situação não era como imaginavam. As medidas foram reduzidas e menos intensas, permitindo que o vírus se espalhasse mais rápido.

Outro ponto em questão é a estação na qual tudo teve início. O surto de gripe A surgiu no verão, o que levou muitas pessoas a acreditarem que o clima não era propício para uma transmissão intensa e acelerada do H1N1, deixando de tomar diversas medidas preventivas. 

Além do mais o remédio disponível para tratar a gripe A (o tamiflu) não teve acesso liberado para todos os pacientes. Havia uma série de protocolos a serem seguidos e no início o estoque era contido e liberado apenas para pacientes hospitalizados, o que gerou um aumento no número de mortes. 

Apesar de não existir um remédio eficaz para combater o Sars-CoV-2, as medidas tomadas para a prevenção são mais rígidas e intensas, o que evita que o vírus se espalhe tão rapidamente quando o H1N1.

Confira a seguir alguns aspectos importantes das duas pandemias:

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Mas afinal, qual o mais grave: COVID-19 ou H1N1?

Considerando o contágio como indicador de gravidade, o novo coronavírus apresenta um maior número de infectados com a doença, quando comparado a epidemia causada pelo H1N1 em 2009. Por isso, o caso de Covid-19 pede medidas preventivas mais intensas como o isolamento social, que visa evitar o crescimento exponencial do vírus.

A comparação entre os grupos de risco das duas epidemias também são diferentes. Enquanto o H1N1 considerava um efeito letal maior em crianças de até 2 anos e gestantes, por sua vez o Sars-CoV-2 oferece mais perigo para idosos e pessoas com doenças crônicas.

Vale destacar que durante a pandemia da Influenza H1N1, medidas como a quarentena e o fechamento de escolas e comércios não foram aplicadas como forma de conter a doença. 

Outro aspecto que intensifica a gravidade do Sars-CoV-2 é que não existe nenhum tipo de medicamento ou fórmula para evitar ou combater o vírus. Quando houve o surto de H1N1 tivemos acesso ao tamiflu, que gerou muitos conflitos na época.

O que impede uma maior contenção da Covid-19?

Apesar dos tempos serem outros e o acesso à tecnologia ser melhor atualmente, ainda sofremos com uma falta de informação quanto ao vírus. Há 10 anos atrás os dados e estudos chegaram ao mundo todo com muito mais velocidade do que em 2020. A China ainda esconde ou mesmo não estudou muitas informações importantes sobre vírus. 

Não temos acesso à taxa de ataque ou a porcentagem de pacientes assintomáticos da doença. É provável que ainda não descobrimos algumas características do vírus que podem explicar a facilidade e rapidez da transmissão.