Coronavírus: desemprego no Paraná pode atingir mais de 400 mil pessoas
Além de toda a questão de saúde, a pandemia do novo coronavírus trouxe também uma grande preocupação para as autoridades, o desemprego. Do presidente da República aos governadores e prefeitos, todos se preocupam com o quanto os brasileiros podem ser afetados com a crise que o vírus trouxe. No Paraná, embora ainda não tenham sido divulgados os números reais, as estimativas são de que num cenário drástico, pelo menos 456 mil pessoas podem ficar desempregadas.
Em números reais, a quantidade de pessoas que pediu o seguro-desemprego no mês de março, quando o isolamento social começou já na segunda quinzena, é bem superior ao mesmo período do ano passado: 13.438 pedidos feitos pela internet (já que as agências do trabalhador estão fechadas) contra 1.288 no mesmo mês de 2019.
A partir do que foi passado, pode-se perceber que os reflexos do isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus já estão afetando o Estado como um todo. Os dados são da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Paraná, órgão ligado à Secretaria do Trabalho, vinculada ao Ministério da Economia.
Apesar disso, ainda não é possível precisar quantas pessoas estão desempregadas no Paraná, pois os dados de desemprego são mensurados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, que ainda não divulgou nenhuma informação neste ano. Outro índice que poderia ser levado em conta seria a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas a pesquisa é trimestral e os dados referentes ao primeiro trimestre de 2020 estão previstos para o mês de maio.
Previsão de desempregados por causa da pandemia do coronavírus
Num documento de análise do que poderia acontecer com o desemprego no Paraná, o secretário da Fazenda estadual, Renê Garcia Junior, avaliou três possíveis situações com base nos impactos que a pandemia causou nos Estados Unidos e na China. “Dado o ineditismo do choque sobre a economia mundial e estarmos vivenciando uma crise sanitária de potencial explosivo, elaborar projeções de variáveis fiscais e macroeconômicas com bom nível de confiança não foi trivial”, avalia o secretário. Em sua opinião, é mais prudente trabalhar com cenários.
Segundo o secretário, utilizando como base as projeções do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) para a economia do Estado, foram traçados três cenários possíveis. No mais otimista, ou seja, o menos pior, o PIB do Paraná diminuiria 0,1% e se perderiam 118 mil empregos.
Na segunda possibilidade, chamada de base, o PIB teria uma queda de 2,9% e seriam pelo menos 279 mil desempregados. Já no cenário mais pessimista, a retração do PIB seria de 6,1% e o número de desempregados seria ainda maior: 456 mil pessoas. Para se ter uma ideia da dimensão desta crise provocada pela pandemia, em se confirmando o cenário base a taxa de desemprego do Paraná passaria de 7,3% para quase 12%.
Menos 60 mil empregos formais nos primeiros 15 dias de pandemia
Já um outro levantamento indica a possibilidade de que, nos primeiros 15 dias úteis do isolamento, o Paraná poderia perder cerca de 60 mil empregos formais. O trabalho foi feito pelo professor Umberto Antonio Sesso Filho, do Departamento de Economia do Centro de Estudos Sociais Aplicados (Cesa), da Universidade Estadual de Londrina, que integra um grupo de pesquisadores que levantam e estudam o cenário econômico e seus segmentos produtivos.
Conforme este estudo, a maioria dos postos de trabalho perdidos está entre trabalhadores que têm ensino médio, o que acarretaria em cerca de 35 mil pessoas desempregadas. Logo depois, em segundo lugar, os que têm nível fundamental (17.500) e por fim os trabalhadores que têm nível superior (aproximadamente 8 mil). A pesquisa apontou que pelo menos 7.924 empresas fechariam as portas. Destas, 7.800 micro e pequenas e 120 médias e grandes.
As áreas mais afetadas, ainda conforme o estudo do Cesa, seriam o comércio, atividades imobiliárias, indústria automobilística e peças. Também devem ser prejudicados os trabalhadores de refino de petróleo, transporte terrestre, alimentação, organizações associativas e outros serviços pessoais e produtos químicos.
O que se sabe até agora sobre o desemprego no Paraná
Além da informação de que houveram 13.438 pedidos do seguro-desemprego pela internet só em março, um estudo divulgado nesta semana pelo governo do Paraná informou que 21 mil estabelecimentos do Simples Nacional e 4,5 mil do Regime Normal estavam fechados no dia 9 de abril. Apesar disso, os dados não querem dizer que as empresas demitiram ou acabaram, somente que não estiveram em funcionamento.
Estes dados foram apurados a partir da amostra de emissão de documento fiscal em cinco cidades do Paraná: Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu. No comparativo entre a primeira semana de março e a primeira de abril, houve redução na quantidade de estabelecimentos que emitiram esses documentos fiscais. No comércio varejista, a queda foi de 34%; na indústria, de 30%; e no comércio atacadista, 22%.
O relatório também aponta redução média de R$ 56 milhões no recolhimento de ICMS, principalmente gasolina e etanol, por semana desde o começo de março, quando foram ampliadas as orientações para evitar aglomerações para conter a disseminação do novo coronavírus.
Sobre a questão do desemprego propriamente dito, nada se sabe ainda. Já com relação aos trabalhadores que tiveram contratos suspensos ou salário e jornada cortados no Paraná, a estimativa é de aproximadamente 59.259 mil pessoas. O número é baseado na projeção nacional e leva em conta as informações do 4º trimestre de 2019. Há possibilidade de que estes números sejam menores do que a projeção apresenta.
Nesta sexta-feira (17), o governador Carlos Massa Ratinho Junior anunciou, em entrevista para a Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (Aerp), que os municípios terão acesso a mais de R$ 600 milhões (US$ 118,3 milhões) para investir em obras. O governador disse que o montante será aplicado diretamente nas cidades e deve ajudar a gerar emprego e renda em todas as regiões, amenizando os impactos da pandemia do novo coronavírus.