Coronavírus: hormônios femininos podem ter papel protetor

por Carol Machado
da equipe de estágio RIC Mais, sob supervisão de Larissa Ilaídes com informações da Agência FAPESP
Publicado em 14 maio 2020, às 00h00.

Até o momento, ainda não há um claro predomínio de homens ou mulheres nos indivíduos diagnosticados globalmente com coronavírus.

No entanto, a maioria dos que são hospitalizados ou vão a óbito, ou seja, que desenvolvem a doença de forma mais grave, é constituída por homens.

Segundo a organização Global Health 50/50, mantida pelo University College London (Reino Unido), na maioria dos países, os dados disponíveis indicam que os homens têm 50% mais chances de morrer após o diagnóstico do que as mulheres.

Essa afirmação é decorrente de estatísticas atualizadas da cidade de Nova York (Estados Unidos). E por estudo realizado na China, que afirma: o sexo masculino é um fator de risco para pior resultado em pacientes com COVID-19, independentemente de idade e suscetibilidade.

Coronavírus: pesquisa deseja confirmar a teoria

Com base nessa constatação epidemiológica, uma grande equipe multidisciplinar de pesquisadores do estado de São Paulo está investigando o papel dos estrogênios, os hormônios femininos, na proteção fisiológica contra o coronavírus.

O projeto é coordenado pelo professor Rodrigo Portes Ureshino da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (FAPESP).

“Estudos anteriores, realizados com o coronavírus SARS-CoV (causador da síndrome respiratória aguda grave), apontaram diferenças de gênero na infecção e progressão da doença, com maior suscetibilidade de indivíduos do sexo masculino, e indicaram que os estrogênios podiam estar associados à maior proteção fisiológica das mulheres. Queremos testar se o mesmo ocorre com o SARS-CoV-2, o novo coronavírus, para chegar a compostos com potencial terapêutico”, diz Ureshino à Agência FAPESP.

A equipe já ultrapassou a etapa de revisão da literatura e entrou na fase experimental propriamente dita.

“Infectamos linhagens de células com cepas selvagens de coronavírus e vamos testar nesse modelo mais de 40 compostos com atividade estrogênica para observar os resultados”, conta o pesquisador.

Os procedimentos com o SARS-CoV-2 são realizados em um laboratório de nível de biossegurança 3 (NB3) da Unifesp, coordenado pelo professor Mário Janini, colaborador do projeto.

Além da equipe da Unifesp, o projeto conta com a colaboração dos pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) Ana Cristina Breithaupt-Faloppa e Luiz Felipe Pinho Moreira.