Saiba como higienizar alimentos em tempos de coronavírus
A equipe do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC) da Universidade de São Paulo (USP) divulgou um comunicado com o objetivo de esclarecer eventuais dúvidas da população sobre o papel dos alimentos na transmissão do novo coronavírus.
De acordo com a publicação, medidas simples podem ajudar a manter o SARS-CoV-2 longe da cozinha e da comida. Como sempre, a higiene é fundamental.
“Em tempo de COVID-19, as recomendações de higiene e limpeza são as mesmas de sempre e devem ser seguidas criteriosamente. Bancadas, pias, louças e demais utensílios devem estar sempre limpos e secos, sem resíduos de alimentos. Geladeiras, freezers, fornos, fogão e demais eletrodomésticos devem ser limpos e higienizados com regularidade, com água, sabão e sanitizantes ou água sanitária. O mesmo vale para as paredes, chão e teto. Esses procedimentos evitam a presença dos microrganismos indesejáveis na cozinha, inclusive o coronavírus, e evitam a contaminação cruzada, ou seja, transferência de microrganismos de alimentos ou superfícies contaminados para alimentos não contaminados”, diz o texto.
É importante ressaltar, que as informações sobre o tempo de persistência do SARS-CoV-2 em diferentes superfícies são ainda controversas. Alguns estudos científicos com outros coronavírus indicam sua permanência em metal, plástico e vidro por até nove dias, enquanto outros estudos indicam tempos menores: 24 hora em papelão e três dias em metal ou plástico. No entanto, esses vírus são inativados em cerca de um minuto pelo contato com álcool etílico 62-71%, água oxigenada 0,5% ou hipoclorito de sódio 0,1%.
Alimentos comidos crus
Para alimentos que serão consumidos crus, como os vegetais folhosos, a recomendação é remover as folhas externas ou danificadas, separar as folhas uma a uma, lavá-las com água tratada abundante e deixá-las por 15 minutos em uma solução de água sanitária (uma colher de sopa diluída em um litro de água). Lavando-as depois com água tratada corrente novamente.
Para vegetais não folhosos e frutas, mesmo as que serão consumidas sem a casca, o procedimento deve ser o mesmo.
Os produtos comerciais à base de cloro para desinfecção de vegetais também são eficientes para eliminar a contaminação microbiana e prevenir a contaminação cruzada.
A publicação também faz dois alertas:
- não utilizar água sanitária que contenha outras substâncias na sua composição, pois podem ser tóxicas para o organismo humano.
- vinagre não mata o novo coronavírus porque não tem efeito sanitizante.
Alimentos cozidos, fritos ou assados
O tratamento dos alimentos pelo calor, como cozimento e fritura, quando feito corretamente, elimina os vírus caso estejam contaminando o produto cru. No entanto, é preciso evitar uma nova contaminação após o aquecimento, principalmente se o alimento não for aquecido novamente antes de ser consumido. É importante também não deixar alimentos cozidos em contato com alimentos crus, para evitar a contaminação cruzada.
Delivery e drive-thru
O consumo de refeições prontas entregues em domicílio, retiradas em balcões de atendimento ou por drive-thru requer cuidados extras. Recomenda-se optar por empresas de confiança e fazer a encomenda diretamente, por telefone ou aplicativos, evitando a interferência de intermediários desconhecidos. Sempre que possível, optar por embalagens de papelão, pois acredita-se que o vírus resiste por menos tempo em papel do que em plástico ou alumínio. Deve ser feita a desinfecção das embalagens antes de abri-las, com água e sabão ou álcool em gel. Não consumir produtos com embalagem violada.
Os pesquisadores recomendam ainda evitar o contato pessoal com o entregador das refeições. As empresas de entregas a domicílio estão recomendando que os entregadores higienizem suas mãos com álcool em gel, um cuidado que diminui o risco, mas não o reduz a zero. O pagamento deve ser preferencialmente feito remotamente, por aplicativo. Deve-se evitar manusear dinheiro e ter cautela com uso de máquinas de cartão de crédito, que podem estar contaminadas, e higienizar as mãos ao finalizar.
Produtos comprados em Mercados
Ao comprar produtos alimentícios – seja nos pontos de venda ou online – higienizar todas as embalagens e superfícies com álcool etílico 62-71% ou água sanitária antes de guardá-los na geladeira ou na despensa e lavar muito bem as mãos ao terminar.
“O vírus não é um ser vivo e, portanto, não é capaz de se multiplicar nos alimentos, como fazem as bactérias. Vírus precisam infectar células para se replicar. O alimento ou sua embalagem são apenas veículos, ou seja, podem ter a superfície contaminada caso tenham sido manipulados por alguém com a doença, assim como uma maçaneta de porta ou qualquer outro objeto. Basta higienizar que não há problema”, explica Franco à Agência FAPESP.
O texto é assinado pelos professores Bernadette Dora Gombossy de Melo Franco, Mariza Landgraf e Uelinton Pinto, todos especialistas em microbiologia de alimentos. Mais informações estão disponíveis nos sites www.usp.br/forc e www.alimentossemmitos.com.br. disca