Comerciantes relatam primeira semana de isolamento no Paraná: “Situação é desesperadora”

Publicado em 27 mar 2020, às 00h00.

Os decretos dos governo do Paraná e as orientações das prefeituras forçaram muitos comerciantes a baixarem as portas nos últimos dias. Como medida para evitar a disseminação do novo coronavírus foi recomendado o isolamento social e alguns municípios do Estado decretaram quarentena, inclusive com toques de recolher. Diante do cenário, muitos comércios foram fechados e serviços essenciais tiveram que adotar novas recomendações para continuar operando.

Em Curitiba, o decreto assinado pelo prefeito Rafael Greca no dia 18 de março estabeleceu que para conter e prevenir o coronavírus, comércios fossem fechados para evitar aglomerações e diminuir a circulação de pessoas nas ruas. Entre os serviços que não puderam continuar abertos estavam: casas noturnas, espetáculos, bares, cinemas, teatros, academias de ginástica, salões de beleza, escolas em geral, autoescolas, tabacarias e shoppings centers. 

Comerciantes enfrentam dificuldades com o isolamento 

Proprietário de uma panificadora com mercearia na capital paranaense, Nickson Dreon mantém o comércio aberto, entretanto seguindo medidas repassadas pela prefeitura. Os clientes contam com marcas no chão para evitar a aproximação e as mesas do comércio estão separadas por aproximadamente dois metros de distância. Apesar de manter as portas abertas, segundo o dono, o público diminuiu 90% na venda de panificação e em torno de 70% na mercearia.

“Antes a gente atendia perto de mil pessoas por dia e hoje estamos atendendo entre 200 a 250. O pessoal realmente está em quarentena. Hoje o foco é o básico: arroz, feijão e óleo. A gente segue todas as normas da vigilância sanitária, mas mesmo assim o pessoal evadiu-se desse tipo de estabelecimento”, relatou o comerciante.

Já para Vanderlei Ramos, que vende produtos para restaurantes e lanchonetes a situação é ainda pior. O comerciante não pode abrir o comércio. Além disso, sua esposa trabalha em salão de beleza e também teve que parar de prestar serviços.

“Meus clientes eram 99% restaurantes e estão fechando todos, não estão comprando. As duplicatas estão para vencer, eu estou tentando negociar, está difícil. As contas estão chegando. A situação está desesperadora. Se eu ficar em casa vai ser pior, muito pior que eu trabalhar e sair na rua”, contou o empresário.

Serviços diferenciados para manter o comércio

Para manter a clientela neste momento de isolamento social, uma pizzaria de Curitiba resolveu inovar nos serviços para manter um volume de vendas e também o quadro de funcionários. Sem poder abrir o salão do local para receber o público, Silvio Neves criou o ‘Combo Quarentena’, um lanche para delivery bastante completo.

“A gente está chamando de Combo Quarentena. Para quem está em casa em quarentena liga para gente e esse lanche é bem completo. Tem hambúrguer, batata frita, frango a passarinho. Ontem começamos. Até teve um momento que tivemos que parar de atender o telefone, porque uma publicação no facebook e já vendeu bem legal. Agora é todo mundo junto, esquece quem é de esquerda, quem é de direita. não é questão política, é questão de saúde pública. Todo mundo se unir, se respeitar e se reinventar”, falou o comerciante.

Confira mais detalhes:

Nesta sexta-feira (27), o governador Ratinho Jr. fará um pronunciamento para anunciar as medidas econômicas que o Estado adotará para estimular a atividade produtiva e reduzir os impactos causados pela pandemia do novo coronavírus na economia.