Boteco virtual: para evitar a contaminação por coronavírus, grupos de amigos se reúnem por videoconferência

por Redação RIC.com.br
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Publicado em 6 maio 2020, às 00h00.

A pandemia causada pelo novo coronavírus mudou as relações entre as pessoas. A necessidade de distanciamento social fez com que os encontros nos restaurantes e bares ficassem vazios e as conversas cada vez mais esparsas. Para suprir a saudade e os bate-papos, grupos de amigos têm marcado horas de conversas por videoconferências, os chamados “botecos virtuais”. A ideia é substituir os reencontros físicos por uma tela dividida entre várias pessoas e, de vez em quando, alguns drinques.

Para a assistente social Emanoele Cristina da Costa, 36 anos, a experiência foi positiva. “Pude rever minhas amigas e meus amigos, mesmo que virtualmente, e isso me deixou muito feliz”, afirma. Mas, como toda tecnologia, as videochamadas podem apresentar alguns problemas. “A interação foi ótima, apesar do áudio ou a imagem às vezes não terem sido 100% por conta do sinal da internet”, completa. 

Filipe Melo de Aguiar, 32, estudante de doutorado e marido de Emanoele aponta outro aspecto que achou interessante no “boteco virtual”. “Foi bem interessante, não só por entrar em contato com vários amigos e amigas mas também por “encontrar” cada um deles no seu espaço de conforto, como o sofá, a cozinha, a sacada”. Ainda assim, segundo ele, não substitui a interação da vida real.

Tecnologia: solução e obstáculo

O problema com a conexão também foi vivenciado por Guilherme Franco Baldin, 38, Analista de Desenvolvimento de Embalagens. “Quando a conexão falhava para algum dos participantes, não se podia entender o que era falado.” Ainda assim, diz ele, vai repetir o encontro.

Michelle Tunes, 38, funcionária pública, identificou um problema, digamos, menos tecnológico. “A dificuldade é quando todo mundo quer falar ao mesmo tempo e o aplicativo trava”, diverte-se. 

Criatividade é arma contra as dificuldades do caos

Em tempos de coronavírus, abraços e encontros virtuais podem ajudar a controlar a ansiedade e a aliviar a solidão do isolamento social. A psicóloga clínica Fabiana Witthoeft (CRP 08/08741) aponta que estudos estão associando o momento da pandemia às fases do luto. A primeira é a negação, quando as pessoas acreditam que as notícias são inverídicas. Logo em seguida vem a raiva e o medo.

Esta terceira pode ser desencadeada pelas notícias que começam a aparecer ou quando algum conhecido passa a sofrer por conta de algum problema de saúde. Por último, a aceitação.

A aceitação, segundo a profissional, é quando as pessoas pensam “estamos passando por isso, e o que vamos fazer?”. De acordo com ela, é comum o uso da criatividade para tornar a realidade mais leve e também mais útil. Por isso, completa, a criação de coletivos e associações que ajudam outras pessoas. Dentre estas ações, o boteco virtual vem como um respiro. 

“Usamos da criatividade para continuarmos vivendo dentro do caos”, aponta. “A situação está favorecendo, de alguma forma, a relação das pessoas”.

Por conta das mudanças nos universos emocionais que a pandemia tem causado, Witthoeft tem oferecido apoio on-line a pessoas de baixa renda.