Bolsonaro é o líder mais ineficaz do mundo no combate ao coronavírus, diz presidente da Eurasia
O presidente da Eurasia Group, Ian Bremmer, escreveu em uma rede social que, apesar de haver “muita concorrência”, o líder mundial mais ineficaz na resposta ao coronavírus agora é o presidente brasileiro Jair Bolsonaro. “Neste fim de semana, ele está detonando os governadores que tomaram medidas de quarentena. (Bolsonaro) danificará seriamente seu mandato”, analisou. Ele postou a mensagem nesta domingo (22).
There’s plenty of competition, but most ineffective world leader responding to coronavirus right now goes to Brazil President Bolsonaro.
This weekend he’s blasting governors taking lockdown measures. Will seriously damage his mandate.
— ian bremmer (@ianbremmer) March 22, 2020
Na sequência, Bremmer salientou que o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, também “está lá em cima”. “(Ele está em) negação completa sobre o coronavírus. Ainda falando de austeridade, nenhuma ação do governo”, citou.
Ian Bremmer é cientista político e fundador da Eurasia Group, consultoria especializada na análise de riscos políticos globais.
Na sexta-feira (20), foi editada a medida provisória 926, que dá poder ao governo federal sobre as limitações impostas ao deslocamento intermunicipal e interestadual, como o fechamento de portos, rodovias ou aeroportos, quando afetarem serviços públicos e atividade essenciais. Essa decisão se sobrepôs a restrições ao transporte feitas por governadores, como o do Rio, Wilson Witzel (PSC), e o de São Paulo, João Doria (PSDB). Os governadores decretaram restrições de transporte como medida de combate ao coronavírus.
Críticas
Ao longo da última semana, Bolsonaro criticou diversas vezes as ações de governadores que determinaram medidas de isolamento nos Estados. No sábado (21), em entrevista à CNN, o mandatário chamou Doria de ‘”lunático” e afirmou que ele e outros governadores – como os do Rio de Janeiro, Bahia, Piauí e Distrito Federal – têm tomado medidas que “extrapolam” e criam um clima de “terror” junto à população. “É uma dose de remédio excessivo. E remédio em excesso torna-se um veneno”, disse o presidente sobre as restrições.
Um dia antes da entrevista, na sexta-feira, Bolsonaro já havia criticado ações como o fechamento do comércio, adotado nas maiores cidades do País e defendido por especialistas, dizendo que poderia prejudicar a economia e serem usadas para enfraquecê-lo politicamente.
O paulista João Doria, que determinou a realização de quarentena em todo o Estado a partir da terça-feira, 24, afirmou em entrevista coletiva que o Brasil não tinha uma liderança capaz de orientar o País durante a crise causada pela pandemia da covid-19. “Gostaria de ter um presidente que liderasse o País em uma crise como essa e não relativizasse uma questão tão grave como o coronavírus para os brasileiros”, afirmou o governador. Witzel, do Rio, classificou como “passo de tartaruga” a velocidade do Planalto em dar respostas à crise.