O fundador e CEO da XP Inc, Guilherme Benchimol, afirmou neste sábado em live organizada pela Bluetrade, um dos escritórios autônomos da instituição, esperar que a “confusão” em relação ao episódio envolvendo o Itaú Unibanco, que veio a público nesta semana, tenha sido superada. “E que a gente possa agora focar no que interessa”, completou.
O imbróglio teve início após o Itaú ter veiculado esta semana, em horário nobre da TV, peça publicitária com críticas à atuação de agentes autônomos, um dos pilares do negócio da XP, mas sem citar nominalmente a instituição. De todo modo, a dura resposta da XP veio ao longo dos últimos dias, incluindo uma campanha nas redes sociais que concedia coletes de brinde a quem fizesse transferências do Itaú para a corretora. “A comunicação do Itaú foi infeliz, denegriu nossa honra”, disse. “Nunca abrimos tanta conta como nos últimos dias. Foram anos de pouca competição com tarifas elevadas e serviços inapropriados”, afirmou, se referindo à atuação dos grandes bancos.
Em 2016, o Itaú adquiriu 49% da corretora e hoje detém cerca de 46% das ações, após realização do IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) da XP no ano passado.
Segundo Benchimol, o banco é “sócio importante” da XP, mas não tem interferência na companhia. “Nossa relação com o Itaú é saudável, mas o mercado tem de ter competição, quem tem de julgar nossa atuação são os clientes”, disse. O executivo vê como “contraditório” o banco investir num modelo de negócio que talvez para ele “não seja tão bom assim. “Se acionistas os não estão satisfeitos, que vendam suas participações”, comentou.
Benchimol disse “entender” que o Itaú esteja preocupado, “porque estamos crescendo muito” e porque a empresa tem como missão “transformar o mercado financeiro”. “É saudável a disputa, a concentração bancária no Brasil é enorme”, disse.
Villa XP
Benchimol afirmou que a Villa XP, projeto de campus nos arredores da cidade de São Paulo que a casa de investimentos planeja construir, deve ficar pronta no fim de 2021. Ele ressaltou que o novo escritório, que vai contar com uma série de benesses para os funcionários, não vai mudar a política de home office que a empresa anunciou e planeja adotar.
“É um lugar para a gente ir uma, duas vezes por semana, para realizar reuniões, ver os colegas, não vamos retomar o trabalho totalmente presencial”, disse Benchimol, destacando que no início da crise causada pela pandemia do novo coronavírus pensou que o novo modelo de trabalho remoto não daria certo. “Foi um desafio treinar mais de três mil funcionários, espalhados por todo o mundo, mas acabou virando uma oportunidade de mudança de cultura”, comentou.