O retorno do Botafogo aos gramados não ficou marcado apenas pelo placar elástico de 6 a 2 sobre a Cabofriense, no Engenhão, mas também pelos protestos do time alvinegro, que é contra a retomada das partidas neste momento em que a pandemia ainda não está controlada no Rio de Janeiro e no País.
A equipe entrou em campo com uma faixa com a frase “protocolo bom é o que respeita vidas”. Além disso, o técnico Paulo Autuori preferiu não participar do jogo, em sinal de protesto, e acompanhou a partida das cabines, deixando o auxiliar Renê Weber no gramado. O treinador havia sido suspenso pelo TJD do Rio de Janeiro por 15 dias após criticar a Ferj em uma entrevista, mas obteve liminar concedida pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para dirigir o time. Mesmo assim, preferiu ficar de fora.
“O Botafogo retorna triste, foram mil mortos ontem. A gente só ouve falar de futebol no Rio de Janeiro, todo mundo preocupado com a doença, nosso técnico sob protesto, não aceitando essa situação, jogadores preocupados… Vamos entrar em campo achando tudo muito esquisito, não é o futebol que estamos acostumados a assistir e acompanhar, é uma outra coisa”, desabafou Carlos Augusto Montenegro, ex-presidente e atual membro do comitê gestor do clube, em entrevista ao Sportv antes da partida.
O movimento “Vidas Negras Importam” também foi lembrado. Após o início do jogo, na primeira falta que o Botafogo teve para cobrar no campo de defesa, os jogadores se ajoelharam repetindo o gesto que vem sendo feito por personalidades do esporte em todo o mundo.
A atitude, no entanto, não foi combinada ou faz parte do protocolo como se tem visto em outros países. Prova disso é que os jogadores da Cabofriense e o árbitro foram pegos de surpresa e apenas um atleta adversário aderiu ao movimento, que durou poucos segundos.