Quebrei todas as cercas.

Deixei as portas abertas.

Eu saí para a liberdade.

Desamarrei meu espírito.

Eu fui para longe, para o céu.

Fiz poemas nas nuvens…

 

É um tempo novo, de espera.

Rememoro o que perdi.

Não me contento com migalhas.

Quero ser merecedor da dádiva.

Preciso quebrar as cercas.

Espalho a doce loucura.

Jogo com a vida neste dia bonito.

 

O sol me sorriu. É manhã outra vez.

As flores se estendem pela estrada.

Há nuvens no céu. É verão.

Água pura arrefece minha mente.

Claros, meus pensamentos voam.

Um dia lindo é para viver.

Aproveito o trajeto, a estrada.

 

Desconsidero as rotinas.

Quebrei as cercas mortas.

Cercas vivas me atraem.

A vida é de liberdade e sol.

Sinto o vento. Sinto o calor.

Eu viajo em mim mesmo.

As ruas estão desertas.

A cidade viajou. Eu, não…

 

Embarco na poesia do hoje.

Destoo do que não entendo.

Comento pouco sobre quase tudo.

Não me importo com o amanhã.

Há o agora. Eu sou o agora.

O tempo retrocede se eu quiser.

Aprendi a desconsiderar o relógio.

 

Há a vida, irmão. Há o céu.

Enlouqueço e esqueço a dor.

Enfraquecidas, as almas penam.

Sou de nuances, de eletricidade.

A cidade está de férias. Eu, não.

Ruas silenciosas dizem muito.

Acordes ecoam pelos ares.

Eu não sei dançar. Eu não sei.

 

Comprei pão. Quero um café.

Como em paz. Eu quebrei a cerca.

Não há portas fechadas.

Escancarei este sorriso sem medo.

Como uma pluma, estou solto.

O vento desfaz meu penteado.

Apenas rio, eu rio de mim mesmo.

 

Sem sarcasmo, deixou-me conduzir.

Quero trilha sonora nas trilhas da vida.

Percorro o que há de mais louco, vou.

Vai chegar o momento do pouso.

Eu vou pousar. Vou parar e tomar fôlego.

Mas depois, recomeçarei. Sou início.

Meu espírito está livre e voa.

Sou feito de versos e devaneio.

 

Jossan Karsten