Startup curitibana cria teste rápido para o coronavírus que vai ser vendido em farmácias

Publicado em 27 mar 2020, às 00h00. Atualizado em: 15 set 2020 às 07h15.

Saindo na frente de todo o país, a startup curitibana Hi Technologies criou um teste rápido para detectar o novo coronavírus que vai estar nas farmácias nos próximos dias. Por aproximadamente R$ 130, as pessoas vão poder saber na hora se estão ou não contaminadas pela doença e agir imediatamente. A empresa avalia ainda se conseguirá diminuir o preço do exame, que também vai ser destinado às unidades de saúde, públicas e particulares.

A empresa, que tem 130 colaboradores, informou que pretende começar a enviar os testes já a partir desta sexta-feira (27), mas como a logística está complicada, ainda pode levar alguns dias para que sejam encontrados à venda, por exemplo. Apesar disso, o exame é promissor, já que o resultado sai em até dez minutos.

O teste funciona mais ou menos da mesma forma que outros exames mais simples. A startup curitibana, inclusive, produz, desde 2017, diversos destes outros tipos de testes, como o de gravidez, glicemia, dengue, hepatite C, Influenza A e B, HIV, zika, sífilis, entre outros.

Foto: Divulgação.

Como funciona?

O método do teste rápido é bem simples e o diagnóstico é feito pela internet. A Hi Technologies criou um equipamento que funciona de forma parecida com o teste de glicemia, por exemplo: fura-se o dedo do paciente, é coletada uma gota de sangue e colocada por cápsula no equipamento. O resultado sai a partir de uma reação química, que é lida pelo aparelho e enviada pela internet.

Marcus Figueiredo, CEO e fundador da startup, explicou ao à revista Exame que o sistema analisa os dados, que também passam por um laboratório de análises clínicas. Em dez minutos, o resultado é enviado pelo celular do paciente.

Sem dar detalhes sobre quantos testes a empresa já produziu, o CEO informou que tem aumentado a produção para produzir milhões de testes. A ideia é dar conta da demanda e conseguir enviar os pedidos que já existem até mesmo para fora de Curitiba. Apesar de já terem registrados pedidos do exterior, Marcus garantiu que vai se concentrar apenas no mercado nacional.

Foto: Divulgação.

Precisão de quase 100%

O Hilab é uma espécie de minilaboratório, que tem 12cm³, e faz cerca de 15 testes. Com um furo na ponta do dedo, uma quantidade mínima de sangue é colocada na máquina, que avalia imediatamente o sangue do paciente. O nível de precisão do teste da Hilab é de 93% a 98%.

A intenção da empresa é de que, a partir da segunda metade de abril, a distribuição já esteja de fácil acesso, pelo menos em Curitiba. Na capital, por sinal, o teste tradicional da Hilab já está disponível em farmácias como Nissei, Panvel, Araújo, Raia Drogasil e Pague Menos. Isso significa que estas mesmas farmácias devem receber a atualização do equipamento, que confirme o novo coronavírus.

Edital do Senai

A guinada na produção também acabou sendo possível por conta do apoio que a startup paranaense recebeu, através do Senai no Paraná. A Hi Technologies foi uma das primeiras aprovadas pela chamada especial do Edital de Inovação para Indústria que vai apoiar projetos de diagnóstico, prevenção e tratamento à Covid-19. “Com o Edital, conseguiremos aumentar a capacidade produtiva da Hilab e a escala de produção exponencialmente. Dessa forma, conseguiremos ampliar o acesso aos exames para mais hospitais e governos e, consequentemente, mais pessoas”, avalia o CEO da empresa, Marcus Figueiredo.

anvisa nota hilab

Anvisa enviou posicionamento sobre o teste de coronavírus da Hilab. Foto: Divulgação.

Sem aprovação da Anvisa

Em comunicado ao RIC Mais, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), trouxe uma informação que coloca em dúvida se os testes realmente vão ser disponibilizados logo. Isso porque a Anvisa informou que, “até o presente momento, não há produto aprovado para coronavírus que possa ser utilizado no equipamento HiLab ou mesmo concedido em nome da empresa Hi Technologies S.A”.

A Anvisa esclareceu que “o HiLab corresponde a um leitor de tiras e está regularizado nesta Anvisa para uso profissional como produto para diagnóstico in vitro pela empresa Hi Technologies S.A. As tiras a serem utilizadas neste equipamento devem estar regularizadas na Anvisa, sempre que enquadradas na definição de produto para diagnóstico in vitro“.

Ainda conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, “os testes de Covid-19 aprovados pela Anvisa até o momento são todos de uso profissional“. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Hilab Technologies disse que “é um laboratório de análises clínicas com todos os registros e certificados necessários. O Hilab é uma metodologia própria do nosso laboratório (in house) e está de acordo com todas as regras da RDC 302/2005 da Anvisa. Essa regra é a mesma que vale para todos os laboratórios do Brasil”, finaliza a nota.