Adolescente morre devido a síndrome inflamatória pós-covid; entenda

por Guilherme Becker
com informações da Thathi Record TV
Publicado em 5 mar 2021, às 09h47. Atualizado às 09h48.

Uma adolescente, de apenas 13 anos, morreu em Campinas, São Paulo, devido a uma síndrome inflamatória causada pós-covid. A Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica foi apontada como causa da morte de Ana Clara Macedo dos Santos, que segundo o atestado de óbito, teve contato com o coronavírus.

De acordo com os familiares, a menina não apresentou nenhum sintoma da doença e também não realizou o teste para verificação. Em dezembro, familiares, que moram na mesma casa onde Ana Clara vivia, tiveram o diagnóstico positivo para a covid. Entretanto, como a adolescente não apresentou falta de ar e nem alteração no olfato ou paladar, não foi submetida ao exame.

No último dia 19, o pai de Ana Clara, Paulo César dos Santos, revelou que a menina amanheceu com torcicolo e em seguida reclamou de dor de barriga. Já na manhã do dia 20, a adolescente acordou com febre, porém, com os cuidados em casa a temperatura corporal voltou ao normal. Mas, as dores na barriga persistiram.

No dia 22, por volta das 13h, o pai de Ana Clara levou a filha ao Hospital Municipal Doutor Mário Gatti, em Campinas, devido as dores incessantes. A princípio os familiares desconfiaram de cólica menstrual. Já no centro médico, os profissionais suspeitaram de pedra na vesícula, mas o quadro clínico teve uma evolução inesperada.

Na madrugada do dia 23 de fevereiro, Ana Clara precisou ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Já pela manhã, a adolescente foi intubada e sedada. Sem apresentar melhoras no quadro clínico, no dia 24 os médicos informaram a morte por falência múltipla dos órgãos.

“Quando eu vi que a minha filha estava piorando eu perguntei para a médica, para ela não me esconder, qual era a probabilidade de chance da minha filha. Ela falou que o estado era bem grave”, contou Rosana dos Santos, mãe da vítima.

Ana Clara tinha 13 anos (FOTO: REPRODUÇÃO/ RECORD TV)

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Síndrome pós-Covid

Nesta quarta-feira (3) foi divulgado o laudo com as causas da morte de Ana Clara. No documento, aparece que a adolescente morreu por choque séptico, teve falência múltipla dos órgãos por conta de uma síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica ocasionada pela covid-19

Esta síndrome já foi constatada em crianças de outros lugares. O primeiro registro de uma morte em um paciente que teve covid foi em abril do ano passado nos Estados Unidos, um bebê de apenas seis meses não resistiu. A síndrome causa inflamação da parede dos vasos sanguíneos de alguns órgãos, como rim, vias respiratórias e sistema nervoso.

“Normalmente duas, três ou quatro semanas antes a pessoa teve Covid, sem saber. A gente acaba fazendo essa ligação entre a infecção anterior pela covid e o desenvolvimento desta síndrome. Em um ano de pandemia nós aprendemos que as máscaras, mesmo as de tecido, mesmo com as novas variantes, são úteis e eficazes como barreira para impedir a transmissão. Crianças acima de 2 anos de idade devem usar máscara. É importante lembrar também que para a criança a fonte de transmissão normalmente é o núcleo familiar”, esclareceu a infectologista Raquel Stucchi.

Despedida de Ana Clara

Para a família, a perda da caçula foi bastante dolorida. A criança é lembrada com carinho como vaidosa, inteligente e religiosa. Em fevereiro, a menina chegou a participar de uma aula presencial onde cursava o 8º ano do ensino fundamental, porém a família não acredita que a menina tenha sido contaminada no local.

“Eu não quero culpar que minha filha pegou na escola, ou que eu sou culpada porque eu trabalho no hospital, ou meu marido porque é motorista, eu não quero culpar ninguém. Só quero alertar a população”, desabafou a mãe de Ana Clara.

Ana Clara frequentava uma igreja evangélica de Campinas (FOTO: REPRODUÇÃO/ RECORD TV)

O pai da adolescente, também bastante emocionado, pediu para que as pessoas tenham mais cautela com relação ao vírus.

“Infelizmente minha filha foi a primeira e nossa intenção é que ela seja a última, que não tenha mais”, contou Paulo César.

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