A Busscar ainda nem elaborou uma proposta oficial de acordo para quitar os débitos com os trabalhadores, mas o Sindicato dos Mecânicos de Joinville já se adiantou em recusar qualquer possibilidade de redução da dívida líquida reconhecida pela empresa.
A Busscar ainda nem elaborou uma proposta oficial de acordo para quitar os débitos com os trabalhadores, mas o Sindicato dos Mecânicos de Joinville já se adiantou em recusar qualquer possibilidade de redução da dívida líquida reconhecida pela empresa.
Na semana passada, o advogado Euclides Ribeiro Filho, contratado pela empresa para auxiliar na recuperação judicial decretada pela Justiça em outubro, chegou a anunciar que “a Busscar possui R$ 65 milhões em imóveis não operacionais do grupo, que poderiam ser usados num acordo com o sindicato e os trabalhadores.”
“Eles assumiram dívidas com bancos, perderam carros, motos, estão com o nome sujo na praça, tudo por que a Busscar não pagou o que lhes era de direito”, avalia o presidente do sindicato, João Bruggmann. “Não é justo pedir aos trabalhadores que abram mão do que lhes devem para ajudar a empresa agora, somente na recuperação judicial.”
Para Ribeiro, a decisão do sindicato antes de receber a proposta oficial é intransigência. “Não elaboramos nenhuma proposta ainda, apenas sinalizamos com a possibilidade de um acordo, que não será concretizado antes de uma negociação”, destacou.
De acordo com o advogado da Busscar, qualquer possibilidade de acordo com credores ainda está sendo avaliada e deve ser apresentada somente após a aprovação do plano de recuperação, que precisa ser apresentado à Justiça até 30 de dezembro. “Quem vai decidir serão os próprios trabalhadores, em assembleia. O sindicato pode sugerir uma posição, não decidir. Mas tenho certeza que todos querem ver essa empresa funcionando novamente como era e vão colaborar para isso”, espera Ribeiro.
O sindicato ainda está avaliando as dívidas da Busscar com os funcionários, publicadas na semana passada, mas já adianta que deve contestar alguns créditos. “Há valores próximos do que calculamos, mas ainda não sabemos como foi feito esse cálculo pela empresa e por isso devemos contestar uma parte das dívidas”, afirma a advogada do sindicato, Luiza De Bastiani.
A segunda reunião
O administrador judicial Rainoldo Uessler, nomeado para acompanhar a recuperação da Busscar, participou na quinta-feira (17/11) de uma segunda reunião na empresa e aproveitou para visitar também a TSA (antiga Tecnofibras), empresa do grupo que não parou em nenhum momento de funcionar.
“Estamos tendo fácil acesso a todas as informações e agora os encontros não param mais. Estou confiante para o sucesso dessa recuperação”, revelou Uessler. No começo de dezembro, a Busscar deve entregar o primeiro balanço financeiro à Justiça. “Não é nada complexo, como o plano. Deve ser um documento simples, rotineiro, como de qualquer empresa”, completa o administrador.