A Secretaria da Saúde do Paraná promoveu durante esta semana um seminário para definir estratégias e minimizar os riscos causados pelo caramujo-gigante-africano. O evento contou com a participação de profissionais da área da saúde, do meio ambiente, além de representantes dos 49 municípios do Estado em que há maior número de ocorrência desta espécie.

Espécie exótica na fauna brasileira, esses caramujos se tornaram verdadeiras pragas urbanas. Comuns principalmente no Litoral e nas regiões Norte, Noroeste e Oeste do Estado, o caramujo-gigante-africano pode transmitir doenças e causar sérios danos ao meio ambiente e ao setor agrícola.

O molusco é hospedeiro de um verme nocivo à saúde humana. Em contato com a secreção deixada nos rastros do caramujo, a pessoa pode desenvolver um tipo de meningite, que em alguns casos pode ser fatal.

A chefe da divisão de Zoonoses e Intoxicações da Secretaria da Saúde, Gisélia Burigo Rúbio, afirma que nenhum caso de meningite por contato com caramujo foi registrado no Paraná.

“O primeiro caramujo-gigante-africano identificado em residências paranaenses foi encontrado em Paranaguá, no ano de 2000. De lá pra cá, nenhum caso de contaminação em humanos foi confirmado no Estado”, explica Gisélia. “Mesmo assim o risco existe e todos devem se manter alertas”, afirma. Isso ocorre porque no ano de 2007, no estado de Espírito Santo, dois casos de meningite foram atribuídos a este problema.

Caramujos desta espécie são hermafroditas e, por isso, o aparecimento de apenas um animal já representa risco de infestação nas residências. “Este caramujo pode produzir cerca de 300 ovos em cada ciclo reprodutivo. As pessoas devem tomar medidas corretas de eliminação do animal o mais rápido possível”, disse Gisélia.

A orientação é que a pessoa procure o serviço público municipal responsável por este tipo de trabalho, da saúde ou do meio ambiente. A principal forma de eliminar o caramujo é incinerá-lo com segurança, através de forno de olaria, por exemplo. Este procedimento deve ser realizado por adultos.

O manuseio e a retirada do animal também merecem cuidados. A pessoa deve utilizar luvas ou sacos plásticos para evitar o contato direto com as mãos. Ao contrário de outros animais, apenas quebrar seu casco não é eficaz, pois esta espécie tem alta capacidade de regeneração.

Outra forma de se proteger da transmissão de doenças é evitar que o caramujo se desenvolva no quintal. O acúmulo de entulho e lixo orgânico nos ambientes favorece o aparecimento. É importante que a população mantenha seus quintais sempre limpos.

História

O caramujo-gigante-africano foi introduzido ilegalmente no país na década de 80 com fins comerciais. Ele se tornaria uma alternativa mais barata ao escargot, outro molusco considerado iguaria gastronômica. Apesar da tentativa, o caramujo não foi bem aceito pelos consumidores, o que fez com que os produtores descartassem os animais sem nenhuma preocupação com o meio ambiente.

Por terem uma boa capacidade de adaptação e poucos predadores naturais no país, esses animais se espalharam por todo o Brasil e estão causando diversos problemas ao ecossistema.

Além do risco para a saúde pública, os caramujos podem contaminar alimentos e devastar plantações e jardins. Caso haja caramujos em hortas domiciliares, é imprescindível que se lave os alimentos antes do consumo.