A Secretaria de Estado da Saúde está aprofundando as investigações sobre o surto de acidentes com águas-vivas que ocorre, neste verão, no litoral do Paraná. Uma equipe do Departamento de Vigilância em Saúde começou a coletar amostras de animais para análise, identificação e determinação do nível de gravidade da situação.
O trabalho conta com o apoio das secretarias municipais de saúde do litoral e também do Corpo de Bombeiros, que até esta terça-feira (24) havia registrado 6.150 acidentes envolvendo o animal. Por conta disso, o Corpo de Bombeiros impediu a realização de uma prova de natação e interditou um trecho da praia central, em Guaratuba, no domingo (15). Nesta terça-feira, foi interditado temporariamente um trecho de 250 metros da praia de Matinhos.
“A interdição é uma medida pontual, que os guarda-vidas podem adotar excepcionalmente, quando o número de casos é muito grande em um local específico. Em Guaratuba, o problema é que havia caravelas, que são animais com maior poder tóxico e que provocam acidentes mais graves”, explicou o tenente-coronel Edmilson Barros, do Corpo de Bombeiros.
De acordo com a médica Lenora Rodrigo, que está avaliando os pacientes atendidos nos hospitais, os registros mostram que a grande maioria dos casos verificados até o momento é de lesões leves. “A maioria dos casos é de acidentes leves e a ardência provocada pelo contato com o animal é resolvida na praia mesmo, com o apoio dos guarda-vidas, que estão preparados para atender”, disse ela.
Segundo a médica, em geral apenas pessoas mais sensíveis, ou alérgicas, crianças e idosos podem ter reações mais graves de pele, chegando a provocar quadros como náuseas, vômitos, tremores, tosse e dores musculares. “De qualquer forma, é importante que as pessoas procurem o serviço hospitalar após um acidente com águas vivas, para avaliação de um médico”, afirma Lenora.
O biólogo Emanuel Marques, que acompanha o trabalho de coleta de águas-vivas, diz que há registros de casos semelhantes do fenômeno em outras partes do mundo, como no Japão, golfo do México e Mar Mediterrâneo. Correntes marinhas, ventos, desequilíbrio ambiental e fenônemos como o La Niña, entre outros, podem estar entre os fatores causadores.