Os 106 atentados ocorridos desde o dia 30 de janeiro, em Santa Catarina, motivaram os governos federal e estadual a transferir 40 detentos de várias unidades prisionais catarinenses para penitenciárias federais de segurança máxima em outros estados. O total de presos já transferidos desde a última quinta-feira foi revelado neste sábado (16), pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

“Este não é o número definitivo. O governo federal disponibiliza [ao estado] quantas vagas forem necessárias. Sejam pessoas que já estão presas e que estejam ou que continuem comandando ações de dentro dos presídios estaduais, sejam novos presos, há uma firme decisão dos governos estadual e federal – com o apoio do Poder Judiciário e do Ministério Público – para que haja estas remoções”, disse o ministro durante coletiva de imprensa na manhã de hoje (16), em Florianópolis.

Segundo Cardoso, a transferência dos presos contou com um forte aparato de segurança. Até mesmo aviões Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) foram usados. Cardozo explicou que não forneceria detalhes sobre para onde os 40 presos estão sendo levados a fim de não colocar em risco as ações de transferência que ainda estão em curso. Pelo mesmo motivo, o ministro evitou falar sobre outras ações além das que já foram anunciadas, como a atuação da Força Nacional no estado e o reforço da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

“Encaminhamos homens da Força Nacional que ficarão sob comando do coronel Nazareno (comandante da Polícia Militar de Santa Catarina), justamente para que possamos ter um comando único das ações que estamos realizando”, acrescentou Cardozo, garantindo que o estado receberá quantos policiais da Força Nacional precisar.

Novos ataques

Cinco atentados foram registrados na noite dessa sexta-feira (16) em Santa Catarina. Com isso, subiu para 106 o total de ocorrências registradas desde 30 de janeiro, quando teve início a atual onda de ataques, que já ocorreram em 32 cidades catarinenses.

O primeiro atentado ocorreu por volta das 22h, no bairro Jardim, em Chapecó, a cerca de 600 quilômetros (km) da capital, Florianópolis. Quatro rapazes, aparentemente menores de idade, atearam fogo em um carro que estava estacionado na rua e fugiram, de bicicleta. O veículo foi completamente queimado.

Em São José, na região metropolitana de Florianópolis, dois homens numa moto atiraram contra a base da guarda municipal. Segundo a Polícia Militar, seis guardas municipais estavam de serviço na hora do ataque, mas nenhum deles foi ferido. Os dois homens não foram pegos.

Em Itapoá, no extremo do litoral norte do estado, a cerca de 270 km da capital, um artefato explosivo foi arremessado no interior de um ônibus estacionado na garagem de uma empresa de transportes. Também neste caso, os criminosos conseguiram fugir.

Outro ônibus foi incendiado em Campos Novos, no Planalto Sul, a 368 quilômetros de Florianópolis. O veículo era usado para transportar trabalhadores rurais. Os envolvidos fugiram a pé.

Por volta das 6h, bombeiros foram acionados para controlar um princípio de um incêndio na casa da irmã de um policial civil, em Balneário Rincão. No local foram encontradas três garrafas de álcool. O fogo queimou apenas a entrada da residência e o forro de um dos quartos.

Segundo a Polícia Militar de Santa Catarina, não houve feridos em nenhuma das ocorrências.

Foram registradas 106 ocorrências nos últimos 17 dias, as maiores em Florianópolis (15); Joinville (14); Itajaí (oito) e Tubarão (oito).