O Estado de São Paulo voltou a ver uma queda considerável nos registros criminais no mês de maio, segundo dados divulgados na quinta-feira, 25, pela Secretaria da Segurança Pública. Os furtos caíram 49%, os roubos tiveram redução de 28,5% e a quantidade de estupros denunciados foi reduzida em 38%, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Mas pelo terceiro mês consecutivo as vítimas de homicídio subiram.

Os registros de maio repetem a tendência de abril, refletindo o período de quarentena em vigor nas cidades paulistas. O isolamento teve impacto sobretudo nos crimes patrimoniais. O afrouxamento nas políticas de distanciamento social implementadas pelo governo de João Doria (PSDB) foi anunciado no fim de maio e começou a ser implementado, em diferentes escalas, no início de junho.

No caso dos roubos, o que inclui os assaltos contra residências, pedestres e comércios, os registros passaram dos 21,3 mil em maio de 2019 para 15,2 mil, em maio de 2020. Nas estatísticas de furtos, a queda no período foi de 46,6 mil casos para 23,7 mil. Em todas as cidades do Estado, 1.992 carros foram roubados, 51% menos que os 4.089 de maio do ano passado.

Na contramão da queda nos crimes patrimoniais, os crimes contra a vida têm apresentado alta. O Estado somou 236 pessoas assassinadas em maio, 5,9% a mais na comparação mensal. As cidades paulistas viram os homicídios aumentarem consecutivamente em março, abril e maio, tendência oposta ao que vinha sendo observado ao longo do ano passado, que teve dez quedas mensais consecutivas no indicador. A alta dos homicídios foi uma das únicas notadas em meio a 23 indicadores divulgados pela Secretaria da Segurança Pública.

Para o secretário executivo da Polícia Militar, o coronel Álvaro Batista Camilo, a terceira alta não representa uma inversão da tendência anterior de queda. “Temos a menor taxa de homicídios do Brasil e estamos trabalhando forte para reduzi-la mais ainda. A oscilação aconteceu em locais diferentes, um mês no interior, outro na Grande São Paulo. Não está aumentando em todo lugar, é um outlier (fora da curva)”, disse.

Na capital paulista, o padrão se repetiu. Os roubos caíram 22%, os furtos foram reduzidos em 55,9% e os estupros tiveram queda de quase 40%. Mas as vítimas de homicídio passaram de 50 para 53. A Secretaria da Segurança Pública não comentou os dados até as 20 horas. O professor da FGV e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Rafael Alcadipani destacou a importância de se analisar com profundidade os registros dos casos para melhor combatê-los. “Precisa ser estudado por que os homicídios estão aumentando”, disse.

Letalidade policial

O Estadão mostrou que a letalidade policial está em alta durante a quarentena, de acordo com dados relativos a abril. Os registros sobre essas ocorrências em maio devem ser divulgados na próxima semana.

Camilo disse nesta quinta-feira que a secretaria vem fazendo um “trabalho forte de transparência e ações corretivas”.
“Estamos tomando atitudes para que os casos não aconteçam mais, estamos afastando, prendendo e responsabilizando. Isso mostra o respeito com as vítimas, mas também com os bons policiais, que não compactuam com isso”, disse o coronel. “Da mesma forma que a população se choca com determinadas imagens, os policiais também se chocam. Recebi mensagens de policiais dizendo que ‘essas pessoas não representam a gente'”, contou.