Projeto londrinense marca o amor das pessoas por seus pets em forma de tatuagem
Os animais de estimação estão presentes em milhões de lares brasileiros. No último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), eles já somavam uma população de 13,9 milhões, entre cães, gatos, aves e outros. O carinho entre esses bichos e o ser humano é expresso de diversas formas. Em determinados casos, as vivências são tão significativas para os envolvidos que surge o desejo de eternizar a relação. Para isso, em Londrina, norte do Paraná, existe o projeto Pet na Pele. Vanessa Veber traduz esse amor entre tutores e animais na forma de tatuagem.
Formada em Artes Visuais, a tatuadora lançou o Pet na Pele em 2017. A primeira arte foi o retrato de um cachorrinho da raça Corgi. A tutora dele procurou Vanessa e contou sobre o desejo de homenageá-lo. Apaixonada por si só pelo mundo animal, a tatuadora fez diversos estudos técnicos para conseguir lançar o projeto de uma forma que as produções fossem fieis às anatomias e às características de cada pet.
Desde o brilho nos olhos até um fio da pelagem, cada detalhe é importante para ilustrar a personalidade do animal. Acompanhe o processo de uma tatuagem neste vídeo:
Quanto mais desenhos do projeto eram divulgados, mais interessados começaram a surgir. Hoje em dia, após quatro anos de trabalho, Vanessa já perdeu as contas de quantas vezes se dedicou ao Pet na Pele, mas arrisca dizer que atingiu a marca de duzentas ilustrações. Cães e gatos são os campeões de pedidos, entretanto houve um tributo a um coelho e até a procura para tatuar um cavalo.
“Eu acho sensacional conhecer as histórias e tatuar, é um jeito de tornar meu trabalho mais significativo também. Eu sempre quis trabalhar com alguma coisa que tivesse um significado para mim, que me trouxesse não somente satisfação financeira, mas também satisfação pessoal. O projeto dos pets me proporciona isso”,
Vanessa conta.
No estúdio que fica no centro de Londrina, um dos depoimentos mais emocionantes que a profissional conheceu foi o de Laura Bicalho e a cachorrinha Cinha, apelido para Gracinha. A Cinha foi um presente de uma pessoa especial na vida de Laura: o seu avô Vicente. As duas cresceram juntas na família. Quando Vicente foi internado, Laura resolveu que iria tatuar o carinho que ela sentia pela cachorrinha, que também estava doente, e pelo avô.
“Eles se operaram na mesma época, e venceram uma vez. Olhar para a Cinha era lembrar do meu avô Vicente, de todo seu amor e sua bondade. E aí o desejo por eternizar essa boa lembrança em mim surgiu. […] Dias antes de meu avô falecer consegui mostrar a tatuagem da Cinha pra ele, que sorriu diversas vezes ao ver. […] Eu sempre vou acreditar que a arte é o melhor caminho pra isso. Obrigada Vanessa, por ter feito parte da nossa história. Esse relato dedico à Cinha, que nos deixou em 2020 com seus 14 aninhos”,
conta Laura, tutora de Cinha por 14 anos.
Outros depoimentos
“A Kaisa chegou num momento em que eu estava desiludido em vários aspectos. Vida pessoal, trabalho, estavam todos quase desmoronando, e decidi ter uma gatinha pra me sentir menos só. A Kaisa me trouxe uma dose de responsabilidade que faltava, e hoje é o serzinho (imenso!) mais importante da minha vida. Ano passado decidi tatuar um retrato da Kaisa, com a Vanessa, e ficou do jeitinho que eu queria. A Kaisa, assim como várias outras coisas que já tatuei, é algo que quero levar pra sempre comigo, então é uma tattoo muito importante pra mim”,
relato do Hans, tutor da gatinha Kaisa.
“O Thor chegou num momento difícil pra mim. Eu estava no fim de colegial, toda aquela tensão de pré-vestibular, além de outras coisas, acentuou muito minha depressão e ansiedade que eu luto desde os 12 anos. Eu estava perdida e ele veio como uma uma bolinha peluda de luz. É o meu maior companheiro há quase 5 anos, pode ser pra tirar uma soneca, brincar, fazer as tarefas diárias, ir pro sítio e até pra praia. Ele sempre vai junto. É impressionante como um animalzinho de apenas 3 kg transborda tanta personalidade e amor em apenas um olhar. Pra mim a escolha de tatuar o Thorzinho, foi para ressignificar algo que já me trouxe muita dor, com ele representando o amor mais genuíno que eu já conheci”,
relato de Isabela, tutora do Thor.
“A Tchutchuca chegou em nossas vidas no começo dos anos 2000. Foi adotada alguns dias após o nascimento. Era um tiquinho de cachorra, que chorava muito e se escondia debaixo do guarda-roupas. Mas logo se tornou a dona da casa, a minha “irmã” mais nova. Durante 17 anos demos tudo o que podíamos e recebemos muito mais do que imaginávamos. Ela era protetora e carinhosa! Por isso resolvi registrar o ser mais puro e sincero que já passou pela minha vida. Quando fiz a tatuagem ela ainda estava por aqui, mas pouco tempo depois acabou nos deixando, pouco antes de completar 18 anos. Ter tatuado ela foi a minha melhor decisão”,
relato de Guilherme, tutor da Tchutchuca.