Professora diz para aluno estrangeiro respeitar fila "porque estava no Brasil" e é acusada de xenofobia

por Bruna Melo
com informações de Pedro Marconi, da RIC Record TV Londrina
Publicado em 4 out 2021, às 12h27. Atualizado em: 5 out 2021 às 11h25.

A professora de uma escola do Jardim Santo Amaro, em Cambé, norte do Paraná, foi afastada após falas xenofóbicas destinadas a um aluno haitiano, de 10 anos. Ela teria falado ao jovem para que ele respeitasse a fila da merenda “porque estava no Brasil”. Ela também teria dito que ele “veio da África”, sendo que o Haiti é um país situado no continente americano. A denúncia foi feita pela direção do colégio.

A professora do 5º ano do Ensino Fundamental teria usado as expressões xenofóbicas para repreender o aluno durante o intervalo. O caso foi testemunhado por outras pessoas que estavam próximas. A Secretaria Municipal de Educação afastou a profissional do cargo e foi aberto um processo administrativo na Corregedoria do município para apurar o fato.

“Imediatamente a direção [da escola] chamou os pais, conversou com eles, eles entenderam o fato, foram orientados no sentido do que aconteceu naquele momento. Mas nós não fomos procurados por outros pais, não”,

explica Estela Camata, secretária da Educação em Cambé.

A Secretaria Municipal de Educação de Cambé também se manifestou por meio de nota oficial sobre o caso.

A Secretaria Municipal de Educação de Cambé informa que afastou do ambiente escolar a professora envolvida no caso e a realocou para serviços administrativos internos da Secretaria. O caso foi enviado à Corregedoria do Município para a realização de averiguação dos fatos com as testemunhas. Estamos ainda fazendo o acompanhamento da criança e de seus pais e ressaltamos que a administração municipal não compactua com nenhum tipo de discriminação. A Secretaria de Educação de Cambé, inclusive, desenvolve um trabalho específico de inclusão e alfabetização com aproximadamente 90 alunos estrangeiros que estão matriculados na rede municipal de ensino.

Xenofobia é qualquer forma de violência motivada por diferenças geográficas, linguísticas ou étnicas. Ela também pode acontecer entre pessoas de diferentes regiões do mesmo país. Conforme a Lei Nº 9.459, Art. 20, quem “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” pode ser penalizado de um a três anos de prisão.

A reportagem não foi informada sobre a identidade da professora.