Léo Pinheiro foi conduzido para depor nas investigações da Operação Greenfield e preso em seguida. Executivo chegou em Curitiba na tarde desta segunda (5)
O ex-presidente da empreiteira OAS, José Aldemário Pinheiro, conhecido como Léo Pinheiro, chegou à sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba, por volta das 15h desta segunda-feira (5). Léo Pinheiro foi conduzido coercitivamente pela PF nesta manhã para depor nas investigações da Operação Greenfield – que apura corrupção em fundos de pensão federais. Ele cumpria prisão domiciliar desde abril de 2015.
Depois disso, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos em primeira instância da Operação Lava Jato, expediu pela segunda vez a prisão do executivo. Léo Pinheiro deve realizar exames de Corpo de Delito no Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba durante esta tarde.
Léo Pinheiro foi preso pela primeira vez em novembro de 2014, durante a sétima fase da Lava Jato – batizada de Juízo Final. Em abril de 2015, ele e outros empresários presos nessa etapa foram soltos por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki.
Segundo a força-tarefa da PF, o novo pedido de prisão do executivo foi baseado em pagamentos ilícitos da OAS em obras do Metrô, em São Paulo, e do Estádio Fonte Nova, em Salvador (BA).
“Os crimes praticados pela OAS, sob a coordenação de Léo Pinheiro, não se limitaram a contratos da Petrobras, havendo fortes indicativos de que esse grupo empresarial também praticou delitos em contratações públicas de outras órgãos no território nacional e também no exterior”, sustenta o pedido de prisão preventiva.
Procurada pela reportagem, a defesa da OAS não comentou o caso. A reportagem tenta contato com o advogado de Léo Pinheiro.
Delações
O ponto central dessa apuração são as delações premiadas dos contadores Roberto Trombeta e Rodrigo Morales, que confessaram à Lava Jato atuarem no esquema de lavagem de dinheiro da OAS. Os dois apresentaram provas da movimentação de R$ 28 milhões para a empreiteira em diversos contratos. Além do metrô, do estádio da Copa e da Petrobras, há negócios envolvendo obras de saneamento público.
“Foi revelado por eles [Trombeta e Morales] e documentalmente comprovado que o Grupo OAS providenciou a lavagem de dinheiro em território nacional, mediante a celebração de contratos ideologicamente falsos com as empresas MRTR Gestão Empresarial, Manwin Serv. Parc. e Assessoria, Sintesys Engenharia e Construtora e Morales de Paula Advogados Associados”, informa o Ministério Público Federal (MPF).
“Há fortes indicativos de que a OAS não apenas praticou crimes e lavou recursos oriundos da Petrobras, mas também recursos decorrentes de outras obras públicas para as quais foi contratada.”
Segundo o delator, foram R$ 28,3 milhões gerados em dinheiro vivo para a OAS. Trombeta não detalha corrupção nas obras citadas nos registros de notas emitidas por ele. A Linha 18 – Bronze do Metrô, em São Paulo, é um projeto da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), ainda em fase de projeto, que prevê a construção de monotrilho ligando São Bernardo do Campo e outras cidades do ABC até as linhas de metrô da capital.
O Consórcio ABC Integrado foi o vencedor da concorrência internacional – por meio de Parceria Público Privada (PPP) – para a construção do monotrilho da Linha 18-Bronze de metrô. As integrantes do consórcio são as empresas Primav, Encalso, Cowan e Benito Roggio Transportes. O valor do projeto é de R$ 4,2 bilhões.
O estádio Fonte Nova, na Bahia, foi uma obra realizada pela OAS e pela Odebrecht – outra empreiteira alvo da Lava Jato, em negociação de delação premiada.